Ao menos 92% dos habitantes do planeta vivem em locais onde a qualidade do ar não se enquadra nos padrões fixados pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Num relatório divulgado nesta terça, o organismo expõe os índices de mortes causadas pela poluição nos diferentes países. A China, com 1 milhão de óbitos em2012, tem o pior cenário em números absolutos. Mas, quando se analisa a taxa de mortes por 100 mil habitantes, o Leste Europeu está em pior situação.

O Brasil teve 26,2 mil óbitos causados pela poluição em 2012, o que deixa o país em 17º lugar, segundo um ranking elaborado pelo jornal britânico “The Guardian” com os dados do relatório. Porém, considerando a taxa de mortes por habitantes, o país está em 158º lugar, com 13 óbitos por 100 mil pessoas.

— É necessário, de forma urgente, a adoção de medidas para se enfrentar a contaminação do ar — afirma Maria Neira, diretora do departamento de Saúde Pública da OMS — Existem soluções, como um transporte sustentável nas cidades, a gestão dos rejeitos sólidos e a utilização de cozinhas e combustíveis limpos nas residências, assim como o uso de energias renováveis e a redução das emissões industriais.

No relatório baseado em dados provenientes de mais de 3 mil locais – rurais e urbanos – a OMS conclui que 92% da população mundial vive onde os níveis da qualidade do ar não correspondem ao padrão em relação a partículas finas em suspensão, de menos de 2,5 micrômetros.

Estas partículas “incluem contaminantes como os sulfatos, os nitratos e a fuligem, que penetram profundamente nos pulmões e no sistema cardiovascular, o que representa um risco grave para a saúde humana”.

O organismo detectou que os níveis de contaminação são especialmente elevados no Mediterrâneo oriental, no Sudeste Asiático e no Pacífico Ocidental.

A OMS identifica como principais causadores da má qualidade do ar “os modos ineficientes de transporte, a queima de combustível nas residências e de rejeitos, as centrais elétricas e as atividades industriais”, mas também cita como fatores fenômenos naturais, como as tempestades de areia.

Graças aos novos dados existentes, os especialistas esperam poder alentar os Estados a realizar mais esforços para reduzir a contaminação do ar, especialmente após os líderes mundiais fixarem – em setembro de 2015 – como objetivo reduzir as mortes ligadas a esta ameaça até 2030.

A OMS estima que a cada ano cerca de 3 milhões de mortes estão relacionadas à exposição da poluição do ar em ambientes externos. Segundo os dados da organização em 2012, cerca de 6,5 milhões de mortes em todo o mundo, equivalentes a 11,6% do total, estiveram ligadas à contaminação do ar tanto em ambientes externos quanto internos.

Estas mortes são provocadas especialmente por doenças cardiovasculares, acidentes vasculares cerebrais pneumopatia obstrutiva crônica e câncer de pulmão, assinala a ONU, advertindo que a contaminação do ar também aumenta o risco de infecções respiratórias agudas.

Segundo a organização, cerca de 90% destas mortes ocorrem em países de renda média ou baixa, com dois a cada três óbitos em regiões do sudeste asiático e do Pacífico ocidental.

CHINA TEM MAIOR NÚMERO DE MORTES

De acordo com levantamento do jornal britânico “The Guardian”, em números absolutos, a China teve, em 2012, a maior quantidade de mortes: 1 milhão. Em seguida, vêm a Índia (621 mil) e Rússia (140 mil). O Brasil está em 17º, com 26,2 mil mortes.

No entanto, o quadro muda bastante quando são consideradas as mortes a cada 100 mil habitantes. É o Leste Europeu que mostra um quadro mais dramático, resultado de anos de atividade da indústria pesada: a Ucrânia lidera (120 mortes por 100 mil pessoas), seguida por Bulgária, Bielorússia, Rússia e Armênia.

Considerando este indicador, o Brasil cai para 158º lugar, com 13 mortes a cada 100 mil pessoas.