O Tocantins, mais recente Estado brasileiro, pode se destacar em um futuro próximo como produtor do setor de biocombustíveis na região norte do País. Atualmente, o Estado conta com a Usina de Pedro Afonso da Bunge Brasil, localizada a 180 quilômetros da Capital, Palmas, e com usina de produção de biodiesel, a Granol. Para o vice-presidente de Açúcar & Bioenergia da Bunge Brasil, Ricardo Santos, há uma vantagem competitiva muito grande ao se produzir etanol nessa região. “O custo logístico é menor quando comparado à alternativa de transportar o combustível de São Paulo. Ao optar pelo Tocantins para abrigar sua primeira usina greenfield no Brasil, a Bunge exercitou sua vocação empreendedora, inovando desde o plantio do canavial até a definição de processos produtivos para a operação industrial”, explica.

Os números mostram isso. Dados da Secretaria da Agricultura e Pecuária (Seagro) do Tocantins mostram o crescimento acentuado no setor sucroalcooleiro no Estado, que saltou de 2,8 mil hectares na safra de 2010/11 para 26,6 mil hectares de cana plantada na safra de 2013/2014, o que totaliza um crescimento de 850%. Para a coordenadora de Biocombustível da Seagro, Patrícia Ramos, o Tocantins tem capacidade para instalação de 20 novas usinas de cana-de-açúcar e dez novas usinas de biodiesel. “O Estado possui grande capacidade de instalação de usinas de biodiesel e produção de matéria-prima por agricultores familiares por meio do projeto de Fortalecimento da cadeia produtiva de biodiesel em parceria com o MDA, Embrapa e Unitins Agro”, afirma.

Investimentos

O presidente da Federação das Indústrias do Estado de Tocantins (Fieto), Roberto Pires, afirma que os investimentos em infraestrutura do governo estadual e federal, como a Ferrovia Norte-Sul, são pontos importantes para a logística e distribuição dos produtos do Estado. “O macro canal viário atualmente em instalação no Tocantins – formado pela Ferrovia Norte Sul, a Hidrovia do Tocantins e a malha rodoviária existente – é fundamental para atrair negócios para a constituição de um ‘eixo de desenvolvimento sócio-econômico‘ do Estado do Tocantins”, explica.

A capacitação profissional é outro incentivo do Estado. Por meio do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) é oferecido curso de manutenção de veículos e máquinas agrícolas pesadas para os profissionais da Usina Pedro Afonso. Mas outros cursos ainda estão em avaliação. O principal é a construção de uma Microdestilaria de Álcool Combustível destinada à formação acadêmica de técnicos para o setor sucroenergético.

A cana no Tocantins

A Bunge inaugurou, em 2011, a Usina Pedro Afonso, a primeira unidade construída do zero e a oitava usina produtora de açúcar e bioenergia da empresa no Brasil. Atualmente a capacidade de moagem da unidade é de 2,5 milhões de toneladas de cana-de-açúcar. A usina realiza plantio e colheita totalmente mecanizados e gera mais de 1,3 mil empregos na região de Pedro Afonso.

Para adequar-se ao solo e ao clima da região, a Bunge, em parceria com centros de pesquisa e tecnologia, realizou experimentos com variedades de cana-de-açúcar específicas para o clima e o solo da região. Também implantou um sistema de irrigação que instalou o maior pivô central em operação no mundo, com mais de 1,3 metros de raio.

Este ano, a usina inicia o processo de cogeração de energia, no qual serão produzidos 20 megawatt de potência para consumo próprio e exportados 165 mil megawatts/hora de bioeletricidade para o sistema elétrico nacional.