Ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, participa de voo sustentável e afirma o compromisso do governo com o bioquerosene para o Brasil

Para celebrar a Semana do Meio Ambiente, nesta terça-feira (4) o Brasil decolou o primeiro de 200 voos que devem acontecer entre os meses de junho e julho abastecidos com bioquerosene, combustível limpo e renovável, adicionado ao querosene fóssil. A aeronave da GOL Linhas Aéreas Inteligentes partiu às 11h58 do aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, rumo à Brasília, e conduziu a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, o Secretário de Mudança do Clima e Qualidade Ambiental do Ministério do Meio Ambiente (SMCQ/MMA), Carlos Klink, além de representantes da Ubrabio (União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene), ABEAR (Associação Brasileira de Empresas Aéreas), BR Aviation, Boeing, Amyris, e do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) , nessa nova etapa da aviação nacional.

O voo 2152 foi o primeiro a decolar do aeroporto de Santos Dumont abastecido com o biocombustível. Foram adicionados 4% de bioquerosene ao querosene comum, produzido a partir de uma mistura de ICO (óleo de milho não-comestível proveniente da produção de etanol de milho) e OGR (óleos e gorduras residuais) pela fabricante americana UOP-Honeywell. Essa mistura deve se utilizada nos 200 voos programados.

Antes do embarque, iniciativa privada e Governo Federal assinaram uma carta de intenções para selar a parceria no desenvolvimento do Programa Brasileiro de Bioquerosene. O documento legitima os esforços dos envolvidos para estudar a contribuição do bioquerosene na mitigação das emissões de gases de efeito estufa. A carta estabelece o entendimento de que as partes criarão uma agenda de cooperação para promover, divulgar e incentivar o uso desse biocombustível no Brasil.

“Esse momento é histórico para a indústria do bioquerosene. Estamos recebendo o apoio do Ministério do Meio Ambiente e o reconhecimento da contribuição do bioquerosene na mitigação dos gases do efeito estufa”, afirmou Mike Lu, presidente da associada à Ubrabio, CURCAS Diesel. Sérgio Quito, diretor executivo de operações da GOL, comentou que a iniciativa marca a primeira edição em escala do uso do bioquerosene. “É o primeiro gol de placa na Copa. Temos a possibilidade de fazer com o que o voo com bioquerosene seja um voo comercial normal, sem nenhuma preocupação aos nossos passageiros”.

Quito afirma o compromisso da companhia com a baixa emissão de carbono. “Estamos compensando as emissões do setor aéreo e trabalhando no sentido de conseguir algo que vai substituir o querosene de aviação no futuro. Esse é o marco que deixamos com esse voo”, concluiu. O diretor da GOL contou que todos os voos da seleção brasileira de futebol que partirem do Aeroporto do Galeão, durante a Copa do Mundo FIFA 2014, serão abastecidos com 4% de bioquerosene adicionado ao querosene de petróleo.

“O voo é simbólico de fatos que estão ocorrendo. Primeiro, a preocupação séria do governo com a questão ambiental, respeitando a necessidade de preservarmos com desenvolvimento. Segundo, a visão de que alguns projetos que não têm condições de ser realizados imediatamente não podem ser abandonados pelo fato de somente serem exeqüíveis a longo prazo. Este é um projeto dessa natureza, por isso a iniciativa privada, com ousadia, está avançando e o governo empresta toda credibilidade para que nós possamos, efetivamente, continuar ousando”, declarou Odacir Klein, presidente da Ubrabio.

“Esse é mais um passo num caminho que planejamos já há alguns anos. Agora o governo e o setor privado vão trabalhar juntos nas propostas, no que seriam essas políticas e o plano do bioquerosene envolvendo o Ministério do Meio Ambiente. Isso vai ser fantástico.”, declarou Adílson Liebsch, diretor comercial da associada à Ubrabio, Amyris. A empresa tem produção de bioquerosene acontecendo no Brasil desde o final de 2012, e deve receber a certificação internacional e da ANP (Agência Nacional de Petróleo , Gás Natural e Biocombustíveis), ainda neste ano.

O compromisso brasileiro com o desenvolvimento da bioindústria

O que disse a ministra Izabella Teixeira à Ubrabio durante o voo:

“Aqui nasce uma parceria que determina um mercado para a bioindústria no Brasil. É um mercado que dialoga desde a agricultura até a mais sofisticada parte da química. Estamos discutindo uma cadeia produtiva brasileira e altamente agregada enquanto valor tecnológico. Isso é uma sinalização da bioenergia, da bioindústria, mostrando os novos mercados, as novas gerações de emprego, os desafios quando queremos falar de um futuro sustentável que já está na realidade e no presente do país.

Nós temos que ampliar isso com marcos regulatórios mais transparentes, acabar com a insegurança jurídica, ter clareza sobre a cadeia tributária e econômica que orienta essa indústria, e ter uma visão comum de desafios, do que o Brasil quer ser daqui a 20 anos.

Enquanto discussão de mudança de clima no planeta é importante destacar que o empresariado brasileiro está tendo condições de avaliar na prática, no caso das emissões do setor aéreo, aquilo que estamos discutindo como possível acordo.

Olhar o presente e olhar o futuro. No papel na mudança do clima, precisamos de bioindústria funcionando com excelência no país. É pensar em como fazer uma política global olhando do agricultor até a química fina, definindo novos mercados, nova competitividade.

É um tremendo gol para a Copa. É a primeira Copa Verde do planeta. O primeiro mundial em que as emissões são medidas e mitigadas. Essa Copa já começa com as emissões diretas 100% compensadas – aliás, já mitigamos 8x mais do que o comprometido com a FIFA. Até o final do ano devem ser mitigadas também as emissões indiretas, cujo transporte aéreo é o maior emissor. É a primeira vez que isso é feito na história.”

A trajetória do bioquerosene no Brasil

O uso do bioquerosene na aviação nacional é uma iniciativa da Plataforma Brasileira de Bioquerosene (PBB), formada pelos representantes do setor privado que participaram do voo, e pela General Eletric. A PBB foi criada para estimular o desenvolvimento de uma nova cadeia produtiva de biocombustível, alternativa ao querosene derivado do petróleo, e nos moldes do PNPB (Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel), destacando a semelhança entre a produção do biodiesel e do bioquerosene.

Em junho de 2012, durante a Conferência Rio+20, aconteceu o primeiro voo experimental com bioquerosene, abastecido com parcela do biocombustível. Em 2013, no Dia do Aviador, a companhia aérea, junto às entidades do setor e o governo, realizaram o 1º voo comercial movido também com bioquerosene.