Projeto levado adiante pela Biotechnos vai implementar 40 arranjos produtivos nas cidades sedes da competição. O combustível será usado em ônibus que vão transportar as delegações.
Na Copa do Mundo do ano que vem, no Brasil, as delegações dos países participantes da disputa vão se deslocar em ônibus movidos a biodiesel feito com óleo reciclado. O combustível será uma mistura de 80% de diesel comum com 20% de óleo reciclado feito em arranjos produtivos montados nas cidades sedes da competição. Quem está por trás do projeto é a Biotechnos Projetos Autossustentáveis, empresa que tem sua indústria na cidade gaúcha de Santa Rosa e um escritório no Rio de Janeiro.
A Biotechnos leva a iniciativa adiante porque foi selecionada para integrar o Plano de Promoção do Brasil na Copa do Mundo de 2014. De acordo com Márcia Werle, presidente do Conselho da empresa, serão instalados 40 arranjos produtivos nas cidades que receberão jogos da disputa mundial. Um primeiro, no Rio de Janeiro, já entrou em operação neste ano e forneceu biodiesel para geradores que foram utilizados na estrutura montada para a Jornada Mundial da Juventude, em julho, na praia de Copacabana.
Segundo a executiva, também estão bem adiantados os projetos de Brasília, Fortaleza e Belo Horizonte. Até a Copa do Mundo esses arranjos deverão ter gerado 25 milhões de litros de biodiesel. O produto vai ser usado no transporte das delegações, mas também em outras frentes. A ideia é que ele tenha nos jogos uma vitrine mundial, mas seja um legado da Copa. No Rio, o biodiesel sustentável que já vem sendo gerado é utilizado em caminhões que recolhem garrafas pet e há tratativas para uso também em caminhões de limpeza urbana.
Werle conta que a iniciativa traz ganhos ao meio ambiente em várias frentes, entre elas na emissão de gases poluentes, que é reduzida em 60% com a adição do biodiesel ao diesel comum. “Um litro de óleo contamina 25 mil litros de água segundo dados da Sabesp”, acrescenta ela sobre o ganho ambiental para a rede fluvial. Há também o benefício econômico e social, já que cada arranjo envolve diretamente de dez a 15 pessoas.
A Biotechnos coordena o projeto, mas em cada cidade tem parceiros para implementá-lo, normalmente uma organização não governamental que atua na educação ambiental e uma cooperativa que recolhe o óleo, em residências e empresas, e o transforma em biodiesel. A iniciativa é denominada, na empresa, de Bioplanet, já que envolve não apenas o uso de equipamentos para a produção sustentável, mas também a educação da população envolvida.
A Biotechnos produz a tecnologia para projetos como esse da Copado Mundo e também atua na estruturação dos arranjos. A empresa foi fundada em 2007 e tem dois investidores, um do Rio de Janeiro e um do Rio Grande do Sul. As atividades da Biotechnos vão além do biodiesel, no entanto, e incluem produção de equipamentos e montagem de “clusters” para áreas como extração de óleo de babaçu e pequenas destilarias.