O presidente do Conselho Superior da Ubrabio, Juan Diego Ferrés, integra o Conselho Assessor Externo, responsável por auxiliar no planejamento, pesquisa e avaliação de resultados da Embrapa.

Nesta terça-feira (11), ocorreu a primeira reunião do Conselho Assessor Externo da Embrapa Agroenergia (CAE). O encontro aconteceu no edifício sede da Embrapa Agroenergia, onde foram apresentados os membros do CAE aos funcionários da empresa. Os integrantes do conselho nomearam o Dr. Rodrigo Augusto Rodrigues como o primeiro presidente do CAE da Embrapa Agroenergia. Rodrigues é administrador; subchefe adjunto da SAG/Casa Civil e Coordenador da Comissão Executiva Interministerial do Biodiesel.

Presente em todas as unidades da Embrapa, o Conselho Assessor Externo (CAE) auxilia no planejamento estratégico, definição de temas para pesquisa e acompanhamento, além da avaliação de resultados. O objetivo do Conselho é assessorar no processo de monitoramento do ambiente externo, particularmente, quanto ao acompanhamento e análise de tendências no cenário de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) que sejam relevantes ao planejamento e à programação da Unidade.

A reunião

Logo após a apresentação dos membros do CAE, o Dr. Waldyr Stumpf Júnior palestrou sobre Transferência de Tecnologia na Embrapa. Stumpf destacou o relevante papel dos Conselhos Assessores Externos: “São parceiros estratégicos da Embrapa. Nós temos hoje 47 unidades da Embrapa distribuídas em todo o país. Estes conselhos são fundamentais nessa relação da Embrapa com a sociedade”, disse.

Durante seu discurso, Waldyr Stumpf abordou diversos temas que vão desde o contexto rural e os seus desafios; o processo de produção, além de programas de governo e ações de transferência de tecnologia. Na palestra, o professor destacou a importância da modificação da matriz energética. De acordo com Stumpf, o mundo inteiro busca energias alternativas e renováveis a fim de atender um crescimento exponencial da população mundial.

O palestrante salientou que as questões ambientais e as mudanças climáticas são grandes desafios a serem enfrentados. Segundo Stumpf “nós temos avaliações na Embrapa de mais de cem anos de dados acumulados. Nós temos estações agro-climatológicas que coletam dados três vezes por dia desde 1888. Nesse período, nós constatamos que a média das temperaturas mínimas aumentou 1.7 graus centígrados. A média das médias aumentou de 1.5 a 1.7 graus centígrados. O efeito disso sobre todo o sistema é considerável. Isso tem uma interferência direta sobre os sistemas de produção e sobre os ciclos biológicos”.

Para o enfrentamento desses problemas, o professor destacou que é importante observar a matriz energética mundial. “No Brasil, contamos com a matriz mais sustentável do mundo. Cerca de 40% a 45% da nossa energia vêm de fontes renováveis, mas, infelizmente, não é o que acontece com os países desenvolvidos onde o uso de petróleo e outros combustíveis fósseis são predominantes para a obtenção de energia. Com o aumento do consumo em virtude do crescimento da população mundial, estamos estimulando o aumento da temperatura global. Temos que encontrar alternativas para esta questão”, disse.

Stumpf disse que a agricultura, nos dias atuais, passa a ser encarada como a nova indústria do futuro e não apenas um setor produtor de alimentos. “Nós hoje pensamos em fibras; em derivados químicos a partir dos produtos da agricultura e da pecuária; novos materiais; química fina; a questão da biomassa; a questão da energia. Portanto, temos uma visão muito mais eclética e não mais de uma agricultura supridora de alimentos para a sociedade, explicou.

Antes da 2° apresentação do dia, o Integrante do CAE e presidente do Conselho Superior da União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene – Ubrabio, Juan Diego Ferrés, presenteou os demais integrantes do Conselho com o livro: “Combustíveis no Brasil: Desafios e Perspectivas”. Diego colaborou com a publicação redigindo o capítulo “Biodiesel – desafios e oportunidades”. Segundo Ferrés, o livro é “a mais completa publicação a respeito do tema”.

Em seguida, o Chefe Geral da Embrapa Agroenergia, Dr. Manoel Teixeira Souza, apresentou uma visão geral da Unidade contando sua história e as perspectivas para o futuro. Em seu discurso, reforçou a importância de estar atento aos avanços tecnológicos. “O setor de transporte, que utiliza combustíveis líquidos em quase sua totalidade, corre o risco de num futuro próximo, ter esse paradigma quebrado. Se isso vier a acontecer, essa unidade deve estar pensando em alternativas.” afirmou.

Segundo Manoel, um grande nicho de oportunidades será a utilização de resíduos gerados nas diversas cadeias produtivas como matérias-primas de produtos de médio, e alto valor agregado. “Nesse contexto, nós temos pensado mais e mais nessa lógica de biorefinaria”, disse.

 

A diversificação como alternativa

O Chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Agroenergia, Dr. Guy Capdeville, realizou a apresentação da Carteira de projeto da Unidade e conexões com o Plano Nacional de Agroenergia.

No decorrer de seu discurso, Capdeville apresentou o projeto “Dendê Palma” que acabou de ser aprovado e conta com um orçamento de aproximadamente R$ 10 milhões. O chefe de pesquisa da Embrapa Agroenergia afirmou que a empresa lidera o seqüenciamento do genoma desta matéria prima. Ele também destacou o fortalecimento da capacidade técnica da Embrapa nos últimos anos. “Nós temos hoje a competência técnica para atuar em qualquer frente de conhecimento. Seja na área de agroenergia ou na área de biotecnologia.”, disse.

O palestrante informou que, no Brasil, ainda não temos como atender a demanda do setor de aviação com bioquerosene usando soja e cana, mesmo em um cenário de 20% adicionado ao querosene fóssil. “Se nós fossemos atender a essa demanda, nós teríamos que esmagar todos os grãos de soja que o Brasil produz só para isso, o que resultaria, no mínimo, num conflito diplomático com China e a União Européia”, afirmou.

Para Capdeville, “nós devemos trabalhar outras biomassas, e esse é o papel da Embrapa”. A solução, segundo o palestrante, “é fazer ações voltadas às palmáceas como o babaçu, inajá, tucumã, macaúba, entre outras. Essas serão as alternativas viáveis para a produção de bioquerosene, de biodiesel e de qualquer outro biocombustível”, conclui.

A reunião prosseguiu com visita aos laboratórios da Unidade, apresentação sobre o segundo Plano Diretor da Embrapa Agroenergia e a discussão do novo Plano Diretor da Unidade (PDU).

Relação de membros do Conselho Assessor Externo (CAE) da Embrapa Agroenergia:

  • Carlos Eduardo Vaz Rossel – Engenheiro Químico (Diretor do Programa Industrial do Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol – CTBE).
  • José Gerardo Fontelles – Engenheiro Agrônomo (Secretário de Produção e Agroenergia do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA)
  • José Manuel Cabral de Sousa Dias – Engenheiro Químico (chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Agroenergia, secretário-executivo do CAE)
  • Juan Diego Ferrés – Engenheiro Químico (Presidente do Conselho Superior da União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene – UBRABIO)
  • Luiz Henrique Capparelli Mattoso – Engenheiro de Materiais (Chefe-Geral da Embrapa Instrumentação)
  • Marcos Guimarães de Andrade Landell – Engenheiro Agrônomo (Diretor do Centro de Cana do Instituto Agronômico de Campinas – IAC)
  • Mariângela Rebuá de Andrade Simões – Diplomata (Diretora-Geral do Departamento de Energia do Ministério das Relações Exteriores e co-chair do Global Bioenergy Partnership – GBEP)
  • Roberto Rodrigues – Engenheiro Agrônomo (ex-ministro da Agricultura e Coordenador do Centro de Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas – FGV-EESP)
  • Rodrigo Augusto Rodrigues – Administrador (Subchefe Adjunto da SAG/Casa Civil – Coordenador da Comissão Executiva Interministerial do Biodiesel)
  • Vitor Hugo de Oliveira – Engenheiro Agrônomo (Chefe-Geral da Embrapa Agroindústria Tropical)