Com o melhoramento genético, a definição de zonas agroclimáticas adequadas e a aplicação de tecnologias sustentáveis de cultivo e colheita, a jatrofa curcas, nome científico do pinhão-manso, pode ser uma fonte rentável e eficiente de biocombustível na América Latina e Caribe, sem que sua produção comprometa a segurança alimentar.
A partir desse conceito, especialistas com apoio do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) e do Programa Cooperativo de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação Agrícola para os Trópicos Sulamericanos (PROCITROPICOS) desenharam o caminho que transita essa produção na região.
Orlando Vega, especialista em agroenergia e biocombustíveis do IICA, explicou que “em 2011, o Instituto trabalhou uma agenda regional para aproveitar os esforços de pesquisa e desenvolvimento em pinhão-manso, planta não comestível originária das Américas, fonte de matéria-prima para gerar biodiesel e bioquerosene”.
“As áreas que promovem a pesquisa e o desenvolvimento em escala regional são o melhoramento genético, práticas agrícolas, sincronização floral, pós-colheita e co-produtos, zonificação agroclimática e sustentabilidade”, destacou o especialista do Instituto.
No ano passado, em dois encontros realizados no Brasil, produtores, pesquisadores e delegações dos países da Rede Latinoamericana e do Caribe de Pinhão-manso, assim como representantes de agências de cooperação, definiram que para cada item desses será montado um grupo de trabalho.
“O principal objetivo da Pesquisa e Desenvolvimento na produção dessa oleaginosa é dotar a produção de sustentabilidade socioambiental e de viabilidade econômica em toda a cadeia de valor”, apontou Vega.
Linhas de trabalho – A ampla presença do pinhão-manso na Mesoamérica permitiria a criação e gestão de bancos de germoplasma (coleções genéticas) da planta, a partir dos quais se obteriam variedades aptas para as distintas zonas agroclimáticas da região.
Um modelo deste mapa climático da região está sendo desenvolvido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), uma das principais promotoras do uso de biocombustíveis no mundo.
A zonificação produtiva facilitaria a elaboração de manuais de cultivo baseados em critérios técnicos sobre as condições do clima e a disponibilidade de água e solos, de maneira que as plantações de pinhão-manso não comprometeriam as dedicadas plantações dedicadas à alimentação.
Para Orlando Vega, “a Rede existente e patrocinada pelo PROCITROPICOS e pelo IICA poderia constituir-se em um canal de comunicação entre pesquisadores e produtores”.
“A extensão torna-se relevante, pois atualmente os produtores utilizam espécies silvestres de baixa produtividade e rendimentos, que não geram uma renda significativa nos primeiros anos de cultivo”, ressalta Vega.
A transferência de Pesquisa e Desenvolvimento permitiria inclusive uma gestão mais sustentável dos resíduos da industrialização da jatrofa.
“A associatividade entre produtores de pequena escala, mesmo daqueles que empreendem o cultivo desta planta em processos de agricultura familiar, pode converter-se em um elemento que facilite o acesso aos recursos financeiros e a obtenção de certificações de sustentabilidade”, disse o especialista.