Em 2012, segundo estimativas da Tendências, as vendas totais de combustíveis derivados de petróleo devem aumentar 6,5%, acima das vendas totais (+4,9%), que incluem os biocombustíveis.
Tal resultado é ainda mais expressivo se considerarmos que, em 2010, as vendas de combustíveis de origem fóssil cresceram 10,6% e resultados preliminares apontam para alta de 6,3% em 2011.
Nos últimos anos, as vendas de combustíveis derivados de petróleo vêm sendo favorecidas pela expansão da economia brasileira, estimulada pela melhoria das condições de renda e crédito, com reflexos sobre a ampliação do contingente de consumidores e diversificação dos hábitos de consumo.
Nesse contexto, merecem destaque as ampliações das vendas de veículos e da demanda por passagens aéreas. Mais recentemente, os problemas relacionados à expansão da oferta de etanol desde 2010 -com queda esperada de 18,7% na produção em 2011- deram novo impulso à comercialização de combustíveis derivados de petróleo.
A participação dos combustíveis fósseis recuou seguidamente entre 2003 e 2009, ano no qual atingiu o percentual de 77,6%, refletindo: 1) o boom de comercialização dos veículos flex; 2) a ampliação da oferta doméstica de etanol; 3) o advento do programa de estímulo à produção de biodiesel; e 4) o aumento dos preços internacionais do petróleo.
Com a redução da oferta de etanol, houve reversão da tendência de ampliação da fatia dos biocombustíveis, com aumento da participação dos combustíveis fósseis de 79,2% em 2010 para 82,1% em 2011. Para este ano, a expectativa é de 83,3%. Tal estimativa tem por hipótese a manutenção, ao longo de 2012, dos percentuais de mistura de 20% de etanol à gasolina C e de 5% de biodiesel ao diesel.
O aumento da participação dos combustíveis derivados de petróleo no mercado nacional deveria ser uma boa notícia para os acionistas da Petrobras. A empresa é uma das maiores petrolíferas globais, responde por quase 100% do refino de petróleo no país e é a maior distribuidora de combustíveis atuante no mercado nacional, com aproximadamente metade do mercado de distribuição, segundo dados do Sindicom (Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes).
Paradoxalmente, contudo, a ampliação das vendas de combustíveis derivados de petróleo vem se constituindo em fonte de prejuízos para a Petrobras -que, para fazer frente à demanda doméstica, se vê obrigada a importar gasolina e óleo diesel a preços maiores que os cobrados pela empresa no Brasil.
Esse aspecto ajuda a explicar a queda de 33% do valor médio das ações da Petrobras entre 2009 a 2011, período em que o Índice Bovespa valorizou-se em 11% (Walter de Vitto, mestre em economia pela FEA-USP, é analista da Tendências Consultoria.