Biocombustíveis, agricultura sustentável e diálogo internacional marcaram os debates acompanhados por especialistas
A realização da COP em Belém consolidou o Brasil como um dos principais polos de debate sobre transição energética e mudanças climáticas, reunindo representantes de quase 200 países em um momento de desafios para o multilateralismo ambiental. Em entrevista ao programa Energia Agro, do canal AgroMais, o consultor em bioeconomia Paulo Costa avaliou que o evento ampliou o espaço de diálogo sobre adaptação climática, mitigação de emissões e o papel dos biocombustíveis na redução do uso de combustíveis fósseis.
Segundo Costa, mesmo diante da participação menos incisiva de alguns atores internacionais, o governo brasileiro conseguiu construir consensos e conduzir discussões complexas. “Foi uma COP muito ampla, com interesses geopolíticos distintos, mas com um propósito comum: promover adaptação e mitigação climática. O Brasil soube conduzir esse processo de forma equilibrada” , afirmou o especialista, que participou de diversas discussões ao longo do evento.
Um dos destaques da conferência foi a criação da chamada Agrizone, iniciativa liderada pela Embrapa que apresentou ao mundo a agricultura tropical brasileira, baseada em tecnologia, produtividade e sustentabilidade. Para Paulo Costa, a iniciativa mostrou que é possível produzir alimentos em larga escala sem avançar sobre áreas de vegetação nativa. “A agricultura brasileira demonstrou que pode ser sustentável, regenerativa e socialmente responsável, sem necessidade de desmatamento” , ressaltou.
O entrevistado também destacou a atuação do embaixador André Corrêa do Lago, presidente da conferência, como elemento central para o êxito do evento. De acordo com ele, a capacidade de diálogo com diferentes setores e países fortaleceu a credibilidade do Brasil no cenário internacional. “Ele se mostrou uma liderança reconhecida globalmente, com habilidade para conectar interesses diversos e construir pontes”, disse.
Ao avaliar os desdobramentos da COP, Paulo Costa afirmou que os debates terão impacto direto nas políticas públicas e nos investimentos nos próximos anos, especialmente nas áreas de biocombustíveis, monitoramento climático e agricultura regenerativa. “As mudanças climáticas já estão afetando a economia e a vida das pessoas. A ciência, os dados e a cooperação entre setor público e privado serão fundamentais para reduzir riscos e ampliar soluções” , concluiu.