Com apoio do Governo de Minas, pesquisadores da Unimontes desenvolveram uma tecnologia pioneira que acelera a germinação da macaúba e impulsiona investimentos bilionários na produção de bioquerosene, fortalecendo o desenvolvimento sustentável do Norte do estado.

Uma tecnologia desenvolvida na Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) está impulsionando o uso da macaúba — palmeira nativa do Cerrado — como fonte de biocombustível, abrindo novas perspectivas econômicas e ambientais para o Norte de Minas. O avanço é resultado de mais de 15 anos de pesquisa e permite o cultivo comercial da espécie em áreas degradadas, além de viabilizar o uso do óleo vegetal de seus frutos na aviação civil como alternativa ao querosene fóssil.

Com apoio do Governo de Minas Gerais, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), a equipe coordenada pelo professor Leonardo Ribeiro desenvolveu um protocolo capaz de reduzir de dois anos para apenas duas semanas o tempo de germinação das sementes. “Nosso grupo estuda tecnologias para favorecer a germinação e a produção de mudas em larga escala. Assim, é possível implantar cultivos comerciais e expandir uma cultura que tem despertado o interesse de empresas e do poder público”, explica o pesquisador.

O Laboratório de Reprodução Vegetal da Unimontes, responsável pela descoberta, identificou que as sementes da macaúba apresentavam dormência — um mecanismo natural que retarda a germinação e dificulta a produção em grande escala. A solução encontrada pelos cientistas mineiros superou esse obstáculo e permitiu o desenvolvimento de mudas em ritmo industrial. “A macaúba é uma das espécies mais oleaginosas conhecidas. Nosso objetivo é compreender seus processos reprodutivos para gerar tecnologias aplicáveis à produção sustentável”, destaca o pós-doutorando Túlio Oliveira, bolsista da Fapemig.

O trabalho resultou em uma patente registrada pela Unimontes em 2013, concedida em 2018 e transferida, em 2023, para a Acelen Energia Renovável — multinacional do setor energético.

Estratégia
A parceria reconhece a inovação com o pagamento de royalties à universidade e impulsiona investimentos superiores a R$ 300 milhões. O projeto total da empresa prevê aportes de até R$ 3 bilhões em plantios e unidades de beneficiamento, consolidando a macaúba como matéria-prima estratégica para a produção de bioquerosene de aviação.

Com a transferência da tecnologia, foi criado em Montes Claros o maior centro de inovação do mundo voltado à pesquisa com macaúba. A unidade utiliza o protocolo desenvolvido pela Unimontes para produzir até 10 milhões de mudas por ano, com a meta de implantar entre 100 e 200 mil hectares de cultivo. “Estamos felizes por ver que a tecnologia gerada dentro da universidade está ajudando a impulsionar o desenvolvimento regional, criando empregos e novas oportunidades no Norte de Minas”, celebra o professor Leonardo Ribeiro.