29/10/2019 – Estudo do IEA-USP (Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo) concluiu que exposição à poluição do ar na cidade de São Paulo faz seus moradores terem efeitos no pulmão como se consumissem cinco cigarros por dia.

A pesquisa foi feita a partir da análise dos pulmões de 413 pessoas que passaram por autopsia. Os pesquisadores entrevistaram familiares, para saber seus hábitos – inclusive se fumavam – e rotinas, passando por quanto tempo gastavam em deslocamentos na cidade.

Os pesquisadores analisaram as antracoses pulmonares dos indivíduos –lesões no pulmão causadas pela inalação constante de pequenas partículas de carvão ou de poeira – para avaliar a exposição das pessoas autopsiadas à poluição e seus efeitos.

“A partir dos endereços de residências dos falecidos pôde-se calcular sua exposição à poluição do ar”, disse Ligia Vizeu Barrozo, professora da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP e uma das autoras do estudo. “Esses indivíduos não moravam nos lugares mais poluídos da cidade, o que permite inferir que eles ficaram mais expostos à poluição durante o deslocamento do dia a dia, provavelmente para o local de trabalho.”

A professora explica que a conclusão é que a exposição ao trânsito é uma fonte significativa de ingestão de poluição do ar. “Políticas públicas para diminuir o tempo gasto durante o deslocamento podem contribuir para a redução da inalação de poluentes”, disse.

De fato, a poluição do ar em São Paulo está muito relacionada à emissão veicular. Um estudo coordenado por físicos da USP (Universidade de São Paulo), noticiado no ano passado pelo Metro Jornal, mostrou que cerca de metade dos poluentes encontrados na atmosfera da cidade é emitida por veículos movidos a diesel, especialmente ônibus e caminhões.

Ar melhorou, diz Cetesb

A gerente da divisão de qualidade do ar da Cetesb, Maria Lúcia Guardani, 65 anos, disse que a concentração de poluição na capital caiu nos últimos anos. Em 1985, a média da medição de material particulado na estação Parque Dom Pedro (centro) foi 90 mcg/m3. Há três anos, essa média fica em 29 mcg/m3.

Esses resultados, disse, advêm de programas adotados ao longo desses anos e da mudança na tecnologia de veículos, com adoção de itens como catalisadores.

Em relação aos ônibus, a SPTrans diz que 70% da frota tem motor EURO V, com sistema de filtragem que reduz emissão de poluentes, e que a lei de mudanças climáticas estipula metas para a progressiva redução de emissão de gases poluentes.

Fonte: Metro Jornal