Valor Econômico (26/04/2019) – O volume de importação de derivados de petróleo do Brasil deve alcançar os 700 mil barris diários, em 2030, de acordo com projeções da Empresa de Pesquisa Energética (EPE). O número representa crescimento de 40% em relação ao volume atual, de cerca de 500 mil barris diários.
Segundo o diretor de Estudos do Petróleo, Gás e Biocombustíveis da estatal, José Mauro Coelho, esse número será alcançado, se não houver investimentos em nova capacidade de refino no país, na próxima década.
De acordo com Coelho, no mesmo período, a produção de petróleo brasileira alcançará 5 milhões de barris diários, ante os atuais cerca de 2,5 milhões de barris diários. A expectativa é que o Brasil exporte cerca de 3
milhões de barris diários de petróleo no fim da década.
Os dados fazem parte de estudo feito por Angela Costa, Giovani Machado, Rachel Henriques e Rafael Araujo de panorama sobre a transição energética, cujos principais resultados foram apresentados ontem, em evento promovido pela estatal, em parceria com o Instituto Brasileiro do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (IBP), no Rio.
No evento, o diretor informou ainda que a produção de etanol deve crescer, dos atuais 34 bilhões de litros/ano para 49 bilhões de litros, em 2030. No mesmo período, a produção de biodiesel aumentará, passando
de 5,4 bilhões de litros para 11 bilhões de litros.
Para o ex-presidente da EPE e atual presidente da consultoria PSR , Luiz Augusto Barroso, o Brasil deve usar a vantagem competitiva que possui com relação ao etanol para os veículos leves. A eletrificação, explicou, poderia ser aproveitada para veículos longos, como ônibus urbanos.
Tanto para o consultor quanto para o diretor da EPE, o movimento de transição energética se dará de forma lenta, ao longo de muitos anos.
Presente ao evento, o diretor de Relações Governamentais e Assuntos Regulatórios da Shell, Flavio Rodrigues, disse que a petroleira investe cerca de US$ 25 bilhões por ano, dos quais aproximadamente US$ 2 bilhões em novas energias. “A tendência é que esse número aumente”, afirmou Rodrigues.
De acordo com Clarissa Lins, sócia-fundadora da Catavento Consultoria, o caso da Shell é um exemplo de empresa de petróleo que está investindo em energia.
Segundo Barroso, da consultoria PSR, o desafio de encontrar modelos de negócios, de financiabilidade e de regulação para a transição energética é uma questão não apenas no Brasil, mas em todo o mundo.
Fonte: Valor Econômico