O ano de 2017 foi um dos três mais quentes dos quais se tem registro e o com temperaturas mais elevadas sem ter tido influência do fenômeno de “El Niño”, que pode fazer os termômetros subirem consideravelmente, confirmou nesta quinta-feira (data local) a Organização Meteorológica Mundial (OMM).

A afirmação consta da declaração da OMM sobre o estado do clima mundial em 2017, que a organização publicou hoje por ocasião do Dia Meteorológico Mundial que será lembrado na sexta-feira.

Em 2017 se registraram temperaturas médias mundiais cerca de 1,1 graus centígrados acima dos níveis pré-industriais.

A temperatura média mundial do período compreendido entre 2013 e 2017 é a média quinquenal mais elevada jamais registrada. Os nove anos mais quentes jamais registrados começaram ser contabilizados a partir de 2005 e os cinco mais quentes de todos eles a partir de 2010.

“No começo de 2018 se mantém a tendência de 2017. As condições meteorológicas extremas continuam custando vidas e destruindo meios de subsistência”, afirmou em comunicado o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas.

A temperatura na superfície do mar em escala mundial em 2017 esteve ligeiramente abaixo dos níveis de 2015 e 2016, mas foi a terceira mais quente jamais registrada.

O conteúdo calorífico dos oceanos, que é uma medida do calor existente nas camadas superiores dos oceanos até 2.000 metros, alcançou novos níveis máximos sem precedentes.

Além disso, ao longo de 2017, a extensão máxima de gelo marinho do Ártico no inverno foi a mais baixa contida nos registros de satélite e o valor estival foi o oitavo mais baixo registrado.

A extensão máxima de gelo marinho da Antártida, por sua parte, ficou em níveis mínimos jamais registrados, ou perto deles, ao longo de todo o ano.

Por sua vez, o balanço da massa do manto de gelo da Groenlândia entre setembro e dezembro de 2017 esteve perto da média.

No entanto, a OMM lembra que desde 2002 o manto de gelo perdeu cerca de 3,6 trilhões de toneladas de massa.

Quanto aos gases do efeito estufa, a OMM frisou que, durante o último quarto de século, as concentrações de CO2 na atmosfera aumentaram de 360 partes por milhão (ppm) a mais de 400 e se manterão acima durante várias gerações.

Dessa forma, o planeta enfrentará um futuro mais quente e uma maior quantidade de fenômenos meteorológicos, climáticos e hidrológicos extremos, advertiu Taalas.

Em 2017 aconteceram vários desastres provocados por fenômenos meteorológicos e climáticos com grandes impactos econômicos, que a seguradora Munich Re avaliou em US$ 320 bilhões, a maior quantia anual jamais registrada (depois do ajuste pela inflação).

As nações vulneráveis se veem especialmente afetadas pelos impactos climáticos, pois o Fundo Monetário Internacional (FMI) estima que um aumento de 1 grau centígrado da temperatura poderia reduzir consideravelmente as taxas de crescimento econômico em muitos países de baixa renda, ressaltou a OMM.

Em 2016 os desastres meteorológicos obrigaram 23,5 milhões de pessoas a deslocar-se, principalmente por enchentes ou tempestades, sobretudo na região Ásia-Pacífico.

Além disso, o risco de contrair doenças relacionadas com o calor ou de morrer aumentou de forma constante desde 1980, e atualmente cerca de 30% da população mundial vive em condições meteorológicas capazes de gerar temperaturas potencialmente letais pelo menos 20 dias ao ano, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).