Atualmente, a poluição do ar mata, em média, 31 pessoas por dia só no Estado de São Paulo, segundo o Instituto Saúde e Sustentabilidade, baseado em relatório da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo, em 2017.

Para os cientistas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), a elevação do nível da poluição atmosférica pode aumentar em até 12% o risco de morte em dias de “pico” de contaminação do ar. O problema não é exclusivo dos paulistas. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), divulgados neste ano, relatam que a poluição, no Brasil, causa a morte de 14 pessoas a cada 100 mil habitantes, e ainda, ela é responsável pelo falecimento de 1,7 milhões de crianças por ano, no mundo.

Os poluentes no ar são inimigos invisíveis e silenciosos, responsáveis pela incidência de doenças respiratórias, cardiovasculares, pulmonares, câncer, asma, entre outras enfermidades, comprometendo a saúde e a qualidade de vida de milhares de brasileiros, sendo a causa da morte prematura de mais de 79 pessoas por dia no país, segundo a OMS.

Com a necessidade urgente de manter o aquecimento global abaixo dos 2º Celsius, entidades nacionais e internacionais buscam medidas que ajudem a reduzir a dependência do uso de combustíveis fósseis e a encontrar soluções viáveis e mais sustentáveis, como é o caso dos biocombustíveis.

Em 2015, o Brasil assumiu um compromisso com o Acordo de Paris, firmado na 21ª Conferência das Partes – que propõe reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) no contexto do desenvolvimento sustentável. O Brasil ratificou o acordo em setembro de 2016 com o comprometimento de reduzir a emissão de gases do efeito estufa em 37% abaixo dos níveis de 2005, chegando em 43% em 2030.

Uma das principais medidas para atingir estes ambiciosos objetivos é o RenovaBio, política construída em conjunto por empresas, organizações governamentais e não-governamentais, a comunidade científica e a sociedade civil.

“A aprovação do programa ajudará não só o setor de biocombustíveis, mas terá toda a sociedade como principal beneficiário, contribuindo para reduzir as mortes causadas pela poluição do ar e os custos sociais atrelados à emissão de gases de efeito estufa, estimados em 12 mil pessoas por ano, apenas em no Estado São Paulo, e US$ 152 ton/CO2, respectivamente”, explica Bernardo Silva, presidente da Associação Brasileira de Biotecnologia Industrial (ABBI).

Entre as diversas medidas brasileiras no Acordo de Paris está a de aumentar a participação na produção de bioenergia sustentável para 18% até 2030. “O RenovaBio também permitirá o posicionamento do Brasil como fornecedor global de tecnologias e produtos de alto valor agregado, bem como, deverá provocar a injeção de US$ 160 bi ao PIB nacional por ano”, detalha o presidente.

Para demonstrar a eficácia do programa para a mitigação dos gases de efeito estufa, a ABBI apoiou a produção do estudo “Second-generation sugarcane bioenergy & biochemicals – Advanced low-carbon fuels for transport and industry”, desenvolvido pelo O Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), que foi apresentado na 23ª Conferência das Partes da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 23), no Espaço Brasil – World Conference Center Bonn.

A iniciativa destaca a viabilidade da produção, no Brasil, de bioenergia e bioquímicos (produtos que podem substituir os químicos feitos a partir de petróleo, como acetona e plástico) para que o país possa fazer a transição de uma economia baseada em recursos fósseis para uma bioeconomia moderna. O estudo está alinhado ao cumprimento dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável.

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