Reaproveitamento do óleo de cozinha e coleta seletiva mecanizada são ações sustentáveis que têm funcionado no município

Reaproveitar recursos, contribuindo para a conservação do meio ambiente e gerando uma fonte de renda sustentável. A prática efetiva da reciclagem de resíduos – que ainda está bem pouco arraigada na cultura brasileira – tem recebido fortes incentivos no município de Lucas do Rio Verde.

Dar destinação ao óleo de cozinha, por exemplo, é uma iniciativa que passou a fazer parte da rotina da cidade. O projeto “Novo Óleo” consiste na coleta do resíduo armazenado por moradores e comerciantes, para que seja reutilizado na transformação de biodiesel.

Implantada em 2009 pela empresa Fiagril, a iniciativa já foi expandida para os municípios de Sorriso, Nova Mutum e Sinop. Para fazer a sua parte, a pessoa nem sequer precisa sair de casa. Basta armazenar o resíduo em garrafas pet e entrar em contato com as equipes responsáveis, por telefone, para que um funcionário recolha o produto.

Segundo informações da empresa responsável, o volume de óleo coletado vem aumentando ano após ano. Em 2009, foram recolhidos mais de 20 mil litros. Dois anos mais tarde, foram quase 72 mil litros. No ano passado, mais de 149 mil litros do produto usado foram encaminhados à reciclagem.

Gerente de sustentabilidade da empresa, Gheorges Rotta explica que esse resultado foi obtido graças ao reforço contínuo da divulgação do projeto. “No início estávamos investindo muito em estrutura e ficava mais difícil focar na divulgação. Depois, passamos a reforçar a divulgação em rádios, TVs e o volume coletado aumentou expressivamente. Mas, a ideia é que em determinado momento a colaboração da população seja automática, sem a necessidade de propaganda”, diz.

Apesar de o óleo ser transformado em um produto com alto valor agregado, o fator ambiental é tido como o principal motivador do projeto, até mesmo porque o custo operacional é bastante elevado. “São quatro unidades de recolhimento, despesas com aluguéis, energia, funcionários, além de toda a logística necessária. Neste caso, o foco econômico é mínimo. Já a questão ambiental é muito forte, porque esse resíduo que iria contaminar os lençóis e o meio ambiente é transformado em biocombustível, que é um produto nobre”, destaca Rotta.

Incentivo

Para que mais pessoas colaborem com a campanha, a cada dois litros de óleo usado entregues, o participante recebe um cupom. Somando três cupons, o doador ganha um litro de óleo novo, que pode ser retirado nos estabelecimentos credenciados. Já os comerciantes, recebem cinco litros de produtos de limpeza para cada 50 litros de óleo. Neste caso, os participantes também ganham o selo de “estabelecimento amigo da natureza.”

Independentemente do número de litros doados, os participantes também concorrem a prêmios em dinheiro.

Impacto ambiental

Ao ser descartado na pia ou no vaso sanitário, o óleo fica retido nas tubulações, provocando entupimentos e prejudicando os sistemas de tratamento de esgoto. Isso sem falar no enorme prejuízo ambiental ocasionado pelo descarte irregular do produto, que leva à poluição das águas, do solo e da atmosfera.

Segundo ambientalistas, um litro de óleo pode poluir até vinte mil litros d’água. Como o produto é menos denso que a água, fica na superfície dos rios e lagos, impedindo a entrada de luz e oxigênio, causando a morte de diversas espécies aquáticas. O óleo também é potencialmente prejudicial aos solos e até mesmo à atmosfera, já que sua decomposição leva à produção do gás metano – causador do efeito estufa.

Coleta Seletiva

Implantada há vários anos, a coleta seletiva é uma atividade que se consolidou na cidade. A cooperativa responsável pela separação e destinação dos resíduos, hoje conta com nove integrantes, que fizeram da comercialização desses materiais recicláveis seu trabalho e principal fonte de renda.

“A coleta seletiva funciona há mais de quinze anos na cidade. Temos uma associação de coletores estruturada, com um galpão, esteira e equipamentos necessários. O que não é aproveitado vai para o aterro no distrito de Primavera do Norte, em Sorriso, que é um dos únicos aterros que funciona dentro das normas ambientais no Estado”, informa a secretária municipal de Meio Ambiente, Luciane Copetti.

Coleta mecanizada

Além da coleta seletiva, o município vem investindo na modernização do sistema de recolhimento do lixo. As tradicionais lixeiras que ficam em frente às residências estão sendo eliminadas e substituídas por contentores de resíduos de uso coletivo. De acordo com informações da secretaria municipal de Meio Ambiente, a mudança já foi efetivada em 60% do município.

Até fevereiro de 2016, serão investidos mais de R$ 6 milhões na implantação do sistema em toda a cidade, com a colocação de 3.800 contentores, separados por lixo úmido e lixo reciclável. “Estamos mecanizando a coleta e isso contribui para o trabalho de separação do lixo reciclável, mas a conscientização da população pode melhorar ainda mais. Além disso, estamos retirando essas pessoas que trabalham debaixo de sol e chuva recolhendo lixo e ao mesmo tempo dando apoio para que elas se capacitem e passem a exercer outras atividades”, destaca Luciane.