O importante papel dos biocombustíveis para a definição de uma matriz energética mais sustentável no país foi um dos destaques da reunião da Comissão Mista Permanente sobre Mudanças Climáticas (CMMC) realizada nesta quarta-feira (1º).

A audiência pública sugerida pela Frente Parlamentar pela Valorização do Setor Sucroenergético, teve como convidados o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura e Pecuária, André Meloni Nassar, o professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) Paulo Hilário Saldiva e o diretor-geral da Agroícone, Rodrigo Lima e foi presidida pelo deputado federal Sérgio Souza (PMDB-PR), que também é membro da diretoria da Frente Parlamentar Mista do Biodiesel (FrenteBio).

O professor Paulo Saldiva destacou que o desafio é fazer uma análise integrada entre as agendas da saúde, do clima e do setor de transportes e demonstrou a relação entre a poluição proveniente da queima de combustíveis fósseis com os problemas de saúde e os efeitos das mudanças climáticas.

Para Saldiva, enquanto o etanol é uma boa alternativa para os veículos leves, o biodiesel é a alternativa mais eficiente para a atual tecnologia de veículos pesados. “Quando se calcula os custos do biodiesel e o aumento da proporção de biodiesel, para se ter uma ideia, só a adição de 5% para 7% de biodiesel no diesel evitou, desde a sua implementação em novembro do ano passado, 1,3 mil mortes. Então isso mostra que há um espaço para promover um transporte coletivo com menor emissão”, explicou.

“Investir em combustíveis renováveis deveria ser uma ação de saúde pública. Temos políticas muito fortes contra o tabaco e nenhuma contra poluição. Quando você faz uma política pública de incentivo aos biocombustíveis, ela não é só uma política de energia, é uma política de saúde. Tudo o que melhora a qualidade de vida das pessoas se reflete em saúde”, alertou o professor da Faculdade de Medicina da USP.

De acordo com o secretário de Política Agrícola do Mapa, André Nassar, dentre as metas anunciadas na última terça-feira no acordo entre a presidente Dilma Rousseff e Barack Obama, está a participação de 28% a 33% de energia renovável na matriz energética, excluindo a hidráulica.

“Isso representa uma ampliação significativa da bioenergia na nossa matriz”. Segundo Nassar, a meta inclui o etanol, a geração de bioeletricidade e o biodiesel.

A importância dos biocombustíveis também foi destacada pelo deputado Sarney Filho (PV-MA), presidente da Frente Parlamentar Ambientalista e membro da FrenteBio. “Sempre fui a favor do etanol e do biodiesel. Os combustíveis renováveis combinam o sistema produtivo com a defesa do meio ambiente”, afirmou o parlamentar.

Estudo inédito sobre biodiesel

Na ocasião, o professor da Escola de Química Universidade Federal do Rio de Janeiro Donato Aranda recebeu uma congratulação do deputado Sérgio Souza (PMDB-PR), pelo lançamento do livro “Parâmetros Físico-Químicos para os Processos de Produção de Biodiesel”. Aranda, que também é consultor técnico da Ubrabio (União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene), é um dos autores da publicação inédita no Brasil, lançada também nesta quarta (1°), no Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). O estudo fornece dados dos processos de produção e uso do biodiesel para a indústria brasileira a partir da reunião dos principais resultados alcançados por um grupo de pesquisadores do Instituto Nacional de Tecnologia (INT/MCTI), Universidade de Brasília (UnB), UFRJ e Universidade Federal de Alagoas (Ufal).