O biocombustível que reduz a emissão de poluentes do setor da aviação, promove desenvolvimento regional e é aposta de uma Copa sustentável

A Ubrabio (União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene) e empresas associadas à entidade estiveram reunidas com o Ministério de Minas e Energia, do Meio Ambiente e do Esporte, para conversar sobre a viabilização do projeto Voando Verde, que pretende reduzir as emissões de CO2 da aviação nacional com o uso do bioquerosene a partir da Copa do Mundo.

Para Mike Lu, presidente da associada à Ubrabio, Curcas Diesel, a proposta de abastecer voos com bioquerosene adicionado ao querosene fóssil reflete a preocupação em deixar um legado para o país após a Copa. “Isso integra o Brasil na cadeia global do bioquerosene e provoca o surgimento de projetos da Economia Verde com foco no desenvolvimento regional sustentável”, afirma.

A Plataforma Brasileira de Bioquerosene (PBB) representa os esforços do país em mitigar as emissões de poluentes gerados pelo setor de aviação. Durante a Conferência Rio+20, numa iniciativa pioneira, a Ubrabio abraçou a representação da PBB e desde então trabalha para o desenvolvimento deste combustível na Matriz Energética Brasileira.

A principal vantagem do uso deste biocombustível é a redução dos gases de efeito estufa (GEEs). Mike Lu explica que a utilização do bioquerosene durante a Copa, entre 1 e 10% misturado ao querosene de aviação, seria o marco inicial de um programa que cria desenvolvimento regional, dadas as diversas opções de matérias-primas que podem ser aproveitadas para a produção deste combustível limpo, como Pinhão Manso, Camelina, Macaúba, Palma e Cana-de-açúcar. “Isso significa proporcionar a entrada do agronegócio e da agricultura familiar em um dos maiores segmentos da economia renovável” destaca o presidente da Curcas Diesel.

Os representantes do governo federal presentes na reunião foram unânimes em afirmar que o foco será no legado gerado pela Copa do Mundo. E desta forma o início do uso comercial de bioquerosene faz todo o sentido, pois além dos legados em infraestrutura o evento estaria dando o passo inicial para um programa inovador de biocombustíveis, colocando o Brasil mais uma vez em posição pioneira no setor.
Voar com bioquerosene é seguro

Outro assunto discutido durante a reunião foi a preocupação do governo sobre o possível medo da população com a segurança dos voos abastecidos com o bioquerosene, mas Adilson Liebsch, diretor de biocombustíveis de aviação da Ubrabio e diretor da associada à entidade, AMYRIS, garante que isso não é um problema.

Liebsch explica que a certificação do bioquerosene passa por um processo extremamente criterioso na ASTM (sigla em inglês para Sociedade Internacional de Métodos de Teste), envolvendo os principais agentes da indústria de aviação. “O resultado dos testes é uma especificação que garante níveis de segurança que atendem à indústria da aviação. Esta especificação é mundial e replicada pela ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) no Brasil. Ou seja, é tão ou mais seguro do que o combustível convencional” afirma o diretor.