Você sabe o que fazer com o resto de óleo utilizado na cozinha? Por causa de um simples, e errado, ato corriqueiro de muitas pessoas e empresas o meio ambiente tem sido prejudicado ao longo dos anos. Segundo o professor e coordenador de doutorado em energia e ambiente, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Ednildo Andrade, uma pessoa consome dois litros de óleo por ano no mundo.  E cada litro desse material descartado na rede de esgoto pode contaminar aproximadamente um milhão de litro de água.
Mas, ao invés de jogar o óleo de cozinha usado no ralo da pia ou no quintal, existem algumas formas mais sustentáveis de descarte. O professor Ednildo explica que muita coisa pode ser feita com o óleo, como a fabricação de tintas, sabão, detergente e biodiesel.
Na UFBA, por exemplo, ele coordena um projeto chamado “Biodiesel”, que transforma o óleo de cozinha usado neste tipo de combustível. De acordo com Ednildo, “o projeto transforma o que era um problema, em solução”. Ao invés do óleo ir para o meio ambiente, ele transforma o material em um produto que pode ser alternativa para o Diesel – um combustível que hoje é utilizado em vários veículos de grande porte e que prejudica de forma significativa o meio ambiente por ser poluente.
Como o Biodiesel é uma fonte de energia mais limpa, o professor acredita que o benefício na utilização do produto não é só ambiental, mas também social, já que para sua produção exige contratação de mão-de-obra. A vantagem também seria econômica, segundo Ednildo, pois o Brasil importa hoje cerca de 10% de Biodiesel, a um custo de R$ 1 bilhão por ano aos cofres públicos.
Na Universidade, o processo que transforma o óleo de cozinha em combustível leva entre seis e oito horas e passa por diversas etapas. Primeiro o óleo é filtrado, para não ter impurezas, depois é passado pelo reator, onde é feita a mistura com “alcoolato” (álcool mais catalizador), e por último o material vai para o decantador, onde é separado o Biodiesel da Glicerina (um subproduto do combustível).
Segundo o professor, o Biodiesel é utilizado em diversos testes e experimentos na UFBA, e a Glicerina é usada na produção de sabão, sabonete e detergente. Todo o óleo utilizado no processo é recolhido pela Universidade em mais de 20 empresas parceiras, além de receber de pessoas físicas que levam pessoalmente o óleo para a sede do projeto, na Unidade Politécnica, que fica no bairro da Federação, em Salvador.
Professor Ednildo mostra óleo doado no CampusO que fazer?
E se você não sabe o que fazer com o óleo que sobra em casa depois de utilizá-lo na cozinha, uma das opções é levar o material na UFBA ou em empresas que tratam o óleo, como a Biotank, com sede na capital baiana. A corporação privada se responsabiliza por coletar, tratar e destinar resíduos oleosos, segundo Marcel Urpia, presidente da Biotank.
Mas o professor destaca que antes da doação é necessário fazer, ainda em casa, a filtragem do óleo, para que não contenha restos de alimentos ou impurezas. Depois o material deve ser colocado em potes ou garrafas limpas.
Outra opção de destino para o óleo de cozinha é a fabricação caseira de sabão ou sabonete. De acordo com Ednildo, o processo para se chegar a esse resultado é simples e fácil. “Basta misturar o resto do óleo, já filtrado, com soda cáustica (líquida ou sólida) e levar ao fogo. Depois é só mexer até que ele fique homogêneo”, ensina.