“Cenários territoriais para 15 produtos agroenergéticos” é o título do novo documento técnico lançado pela Embrapa, disponível para download gratuito na Infoteca-e da Embrapa. A publicação apresenta as microrregiões em que se concentram as principais culturas agrícolas que estão ou podem ser inseridas nas cadeias produtiva da bioenergia no Brasil. Com base em fatores históricos e dados coletados nos Censos Agropecuários, os autores traçam cenários de expansão dos cultivos nos próximos cinco anos.

As culturas abordadas no estudo são: cana-de-açúcar, dendê, mamona, soja, babaçu, buriti, pequi, tucumã, amendoim e coco-da-baía, além de produtos da silvicultura (carvão e lenha) e da extração vegetal (carvão, lenha e madeira em tora). Para cada um deles, o documento apresenta o mapa com a distribuição espacial dos conglomerados de produção (“clusters”), a participação dessas regiões no volume de produção nacional e projeções de futuro.

Um dos autores do documento, o pesquisador da Secretaria de Gestão Estratégica da Embrapa Fernando Luís Garagorry, explica que a motivação para estabelecer cenários territoriais para produtos agroenergéticos surgiu de um estudo anterior sobre a concentração espacial e a dinâmica da agricultura brasileira. “A concentração espacial refere-se, em termos simplificados, ao fato de que, para qualquer produto, há uns ‘poucos lugares’ onde ele se concentra”, diz o pesquisador. A dinâmica, por sua vez, é avaliada porque “os produtos agrícolas apresentam notáveis deslocamentos no território nacional”. Nesse sentido, a pesquisa utilizou dados de 1990 a 2009 para projetar cenários nos cinco anos seguintes.

Para Garagorry, identificar territórios onde se tem concentrado parte substancial da produção de determinada cultura e indicar possíveis evoluções dessa distribuição espacial são ações que contribuem para o planejamento de projetos de pesquisa, serviços de crédito e assistência técnica e ações de defesa sanitária, por exemplo.

O estudo também pode ser aplicado nas avaliações de mudanças no uso direto e indireto da terra, um dos principais indicadores de sustentabilidade da cadeia produtiva dos biocombustíveis. É o que ressalta o chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Agroenergia, José Manuel Cabral, também autor do documento. Ele destaca ainda que os dados levantados são importantes para análises em que a localização geográfica é fator determinante, tais como necessidade de armazenamento de colheita e estabelecimento de cadeias logísticas de fornecedores de matérias-primas.

Esse tipo de análise ganhar particular importância neste momento em que a biomassa conquista cada vez mais importância como fonte de energia sustentável em todo o mundo. No Brasil, ela é responsável por 30,5% da matriz energética nacional, a frente até mesmo da hidroeletricidade, que responde por 14,7%.