“Não podemos olhar o combustível somente como fornecedor de energia aos motores. O combustível não move só motores, move a sociedade e a ela deve se adequar”. A fala é de Donizete Tokarski, diretor superintendente da União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio), durante audiência pública da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) realizada na sexta-feira (15/07).
Além de reiterar a necessidade de o Brasil banir o uso do diesel S500, que é proibido em diversos países e cuja composição inclui 500 ppm (parte por milhão) de enxofre, Tokarski pediu mais transparência à ANP no tratamento deste combustível, e pontuou adequações à resolução que revisa a especificação do biodiesel e as obrigações quanto ao controle de qualidade a serem atendidas pelos agentes econômicos que comercializam o produto.
Tokarski chamou a atenção da ANP quanto a pontos fundamentais que devem ser reportados à sociedade relacionados ao diesel fóssil comercializado no país, em especial quanto às suas consequências para a saúde pública. Segundo o dirigente da Ubrabio, a ANP deveria incluir essas informações em resolução e citou exemplos de estudos, dentre eles, o da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), empresa pública vinculada ao Ministério de Minas e Energia (MME), que descrevem a quantidade de vidas salvas por ano em relação ao uso do biodiesel na mistura com o diesel fóssil.
“A gente entende e chama atenção, aqui, para que nos próximos mentos estas notas técnicas contemplem mais toda essa gama de benefícios e, também, dos malefícios ocasionados pelo uso de combustível. Temos que mostrar o quanto a sociedade gasta para a utilização do combustível fóssil”, defendeu Tokarski.
O dirigente da Ubrabio citou estudos da Organização Mundial da Saúde (OMS) que revelam milhares de mortes por ano decorrente de poluição veicular, além dos relatórios do Fundo Monetário Internacional (FMI) que atribuem aos combustíveis fósseis uma necessidade de precificação e maior equilíbrio na formulação do uso de combustíveis fósseis e de biocombustíveis.
Tratamento rigoroso
“O diesel S500 tem que receber, no nosso entendimento, um tratamento severo, muito mais rigoroso do que o tratamento que é dispensado ao biodiesel. Isso não está demonstrado nesta minuta de resolução e nota técnica”, pontuou o dirigente.
Ainda de acordo com Tokarski, é necessário tratar de forma mais qualificada todo o prejuízo que a sociedade tem relacionado ao uso do diesel S500, bem como a questão dos Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos (HPA. “Não dá para compreender como um diesel de péssima qualidade, que é o caso do S500, não se reporta a uma especificação relacionada à HPA, que são extremamente nocivos à saúde pública, são cancerígenos. É um produto que mata as pessoas”, concluiu.