Os biocombustíveis são derivados de biomassa renovável que podem substituir, parcial ou totalmente, combustíveis derivados de petróleo e gás natural usados em motores ciclodiesel automotivos (de caminhões, tratores, camionetas, automóveis etc.) ou estacionários (geradores de eletricidade, calor etc.). Há dezenas de espécies vegetais no Brasil das quais se podem produzir o biodiesel, tais como mamona, dendê (palma), girassol, babaçu, amendoim, pinhão manso e soja, dentre outras.

Este tipo de combustível renovável é pesquisado desde o início do século 20, principalmente na Europa. Eles estão presentes no cotidiano do brasileiro há mais de 80 anos. Entretanto, foi na década de 1970, após a primeira crise do petróleo, que sua produção e uso ganharam grande dimensão. Na época, foi criado o Pro-Álcool, que introduziu o etanol de cana-de-açúcar em larga escala na matriz de combustíveis brasileira.

Biodiesel

Os dois principais biocombustíveis líquidos utilizados no País são o etanol (extraído de cana-de-açúcar e utilizados nos veículos leves) e, mais recentemente, o biodiesel (produzido a partir de óleos vegetais ou gorduras animais, utilizados principalmente em ônibus e caminhões).

Foi a partir do lançamento do Programa Nacional de Produção e Usos do Biodiesel (PNPB), em dezembro de 2004, pelo governo federal, que o biodiesel avançou significativamente no País. Hoje, o Brasil conta com indústria de biodiesel consolidada, com mais de 50 usinas aptas a produzi-lo e comercializá-lo, e com capacidade instalada superior a seis milhões de metros cúbicos.

Atualmente, a Alemanha, os Estados Unidos e o Brasil são os maiores mercado mundiais de biodiesel. Outros importantes mercados são a França, a Espanha, a Itália e a Argentina.

No Brasil, o biodiesel, regularmente, é vendido misturado ao diesel de petróleo em mais de 30 mil postos de abastecimento espalhados pelo País. Sua produção saltou de 69 milhões de litros, em 2006, para 2,8 bilhões de litros, em 2012, de acordo com dados do PNB. A mistura de biodiesel ao diesel teve início em dezembro de 2004. Em janeiro de 2008, entrou em vigor a mistura obrigatória de 2% em todo o País. Esse percentual foi ampliado sucessivamente até atingir 5% em janeiro de 2010, antecipando em três anos a meta estabelecida pela Lei nº 11.097, de 2005.

Em relação à capacidade industrial da produção do biodiesel, no final de 2011, pelos dados do governo federal, 56 unidades estavam autorizadas a produzir e a comercializar o biocombustível, com uma capacidade nominal total de seis bilhões de litros ao ano. Dessa capacidade produtiva, aproximadamente 78% (4,7 bilhões de litros/ano) são provenientes de usinas detentoras do Selo Combustível Social, um certificado fornecido pelo governo às unidades produtoras que atendem aos requisitos de inclusão da agricultura familiar na cadeia produtiva do biodiesel.

Desde o lançamento do PNPB até o final de 2011, o Brasil produziu 8,3 bilhões de litros de biodiesel, que reduziram as importações de diesel em um montante de US$ 5,3 bilhões, contribuindo positivamente para a balança comercial brasileira.

Etanol

O Brasil é um dos maiores produtores mundiais e o maior exportador de etanol. Atualmente, o etanol brasileiro representa a melhor e mais avançada opção para a produção sustentável de biocombustíveis em larga escala no mundo. O País é o candidato natural a liderar a produção economicamente competitiva e a exportação mundial porque tem o menor custo de produção e o maior rendimento em litros por hectare.

Em relação ao meio ambiente, o etanol reduz as emissões de gases de efeito estufa em cerca de 90% e a poluição atmosférica nos centros urbanos. Além disso, produção tem baixo consumo de fertilizantes e defensivos e apresenta níveis relativamente baixos de perdas do solo.

O Brasil utiliza o etanol como aditivo da gasolina desde a década de 1920. Oficialmente, o combustível produzido a partir da cana-de-açúcar foi adicionado à gasolina a partir de um decreto assinado em 1931. Entretanto, somente com a criação do programa Pro-Álcool, em 1975, é que o Brasil estabeleceu definitivamente a indústria do etanol combustível.

Os investimentos nos veículos flex-fuel e o fortalecimento da cadeia produtiva levaram a um grande crescimento no mercado doméstico de etanol, invertendo a tendência de queda do consumo de etanol ainda na Safra 2003/2004.

Atualmente, cerca de 90% dos veículos leves licenciados no Brasil são flex-fuel. Esse ritmo fez com que, ao todo, metade da frota nacional circulante seja formada por veículos flex.

O etanol é produzido nas regiões Nordeste e Centro-Sul, sendo que a região Centro-Sul é responsável por, aproximadamente, 90% da produção nacional, com o estado de São Paulo responsável pela produção de 60% do biocombustível. Os outros 10% são produzidos na região litorânea do Nordeste.

Lenha e carvão vegetal

Atualmente, as economias menos desenvolvidas no mundo ainda apresentam em suas matrizes energéticas mais de 90% de participação da lenha como fonte de energia, situação que o Brasil reverteu a partir da década de 1930.

No início da década de 1940, o País apresentava mais de 80% de participação da lenha em sua matriz energética. Em 2011, este indicador já era menos de 10%, substituído principalmente pelo gás liquefeito de petróleo.

Boa parte da lenha extraída no País é transformada em carvão vegetal, um produto mais nobre e com maior concentração de carbono. O Brasil é a única nação no mundo que faz uso extensivo do carvão vegetal na indústria siderúrgica. Atualmente, 34% da lenha é convertida em carvão vegetal e 28% tem uso direto na indústria, para produzir calor de processo. Outros 27% são ainda utilizados para cozinhar alimentos.

Carvão vegetal na siderurgia

O carvão vegetal é usado na siderurgia como fonte de calor e como redutor do minério de ferro.

O Brasil é o maior produtor mundial de gusa via carvão vegetal, cerca de 60% desse gusa produzido é exportado.

Devido às características do carvão vegetal, de baixos teores de enxofre e cinza, o gusa produzido é de melhor qualidade do que aquele produzido via carvão mineral. Para uma produção de uma tonelada de gusa, são necessários cerca de três metros cúbicos de carvão – 3 mdc.

Boa parte do carvão é proveniente de desmatamentos, legais ou ilegais. Para atender a demanda de carvão até 2.020 seria necessário um reflorestamento de 1,5 a 2 milhões de hectares.