No Diálogos Latam, diretor da Ubrabio indica o bioquerosene como oportunidade para a redução da “pegada” de carbono no setor aéreo

Durante a videoconferência “Diálogos LATAM”, evento realizado na quarta-feira (30) para discutir Combustíveis Sustentáveis de Aviação, o diretor-superintendente da União Brasileira do Biodiesel e do Bioquerosene (Ubrabio), Donizete Tokarski, defendeu o uso do bioquerosene como oportunidade para que o país possa mitigar as emissões de CO 2 e outros gases poluentes pela aviação. “O bioquerosene é a grande oportunidade para mitigar essa pegada de carbono do setor aéreo. O Brasil tem todas as vantagens, do ponto de vista de oferta de matérias primas, para que possamos desenvolver isto”, disse Donizete.

O dirigente da Ubrabio lembrou que o país pode potencializar o setor do turismo no Nordeste se for implantada uma biorefinaria na região, em razão da alternativa de abastecimento de aeronaves em um dos principais destinos de turistas do Mundo.

A Ubrabio, entidade que representa mais de 40% dos produtores de biodiesel, foi pioneira a estimular os estudos para a produção de bioquerosene de aviação e no fomento à construção da Rede Brasileira de BioQav.
Sustentabilidade

Durante sua participação no evento, o dirigente da Ubrabio também defendeu a ampliação do conceito de biocombustíveis renováveis, para incluir na definição dessa categoria os modernos princípios de sustentabilidade, incluindo os aspectos ambiental, social, além do econômico em toda a cadeia de produção.
“Não basta apenas ser renovável. A produção de biocombustíveis precisa apresentar, além do conteúdo energético, os compromissos ambientais, promover o bem-estar social e o desenvolvimento regional, gerar emprego, cuidar da saúde pública e principalmente das regiões menos favorecidas”, disse Donizete.

Donizete sugeriu que na definição da política pública para o bioquerosene e dos biocombustíveis em geral sejam incluídos estes conceitos de sustentabilidade mais amplos. E acrescentou: “Não podemos ter uma visão míope na defesa parcial dos biocombustíveis, defender um e atacar outro. Quando se defende um e ataca outro biocombustível, é uma ação inconsistente de sustentabilidade. O conceito amplo de sustentabilidade evita a produção de falsos biocombustíveis, como o que ocorre atualmente na oferta de combustíveis elaborados a partir de coprocessamento”.

O evento também contou com a participação do professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Donato Aranda, consultor da Ubrabio, que ressaltou a importância e oportunidade de se analisar, de forma mais ampla, o conceito de valor dos biocombustíveis, incluindo nele a exigência de sustentabilidade prática já adotada em países como os Estados Unidos. “Não basta que o biocombustível seja renovável. É preciso cada vez mais que sua produção siga os parâmetros internacionais de sustentabilidade”, ressaltou Donato.

Diálogos Latam

Pautando sua estratégia de sustentabilidade de longo prazo em quatro pilares de trabalho – gestão ambiental, mudanças climáticas, economia circular e valor compartilhado – a organizadora busca, com esse encontro, ampliar sua escuta ativa, atrelando os conhecimentos dos participantes em combustíveis sustentáveis com sua meta de diminuição de carbono, também a longo prazo.

Além de Donizete Tokarski e Donato Aranda, a videoconferência também teve a participação de Rogério Benevides, da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Amanda Gondim, da RBQAV, Eduardo Soriano, do Ministério de Ciência e Tecnologia, Marcelo Morandi, da Embrapa, e Pietro Mendes, do Ministério de Minas e Energia, e representantes de outras entidades empresariais e de pesquisa.