Durante audiência pública da Agência Nacional de petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis nesta quarta-feira (5) para tratar da qualidade do biodiesel, o presidente do conselho da União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio), Juan Ferrés, sugeriu que seja criado um sistema unificado para a melhoria do controle da qualidade do combustível, abrangendo produtores, transportadores, distribuidores e postos de abastecimento. Segundo Diego Ferrés, seria um Sistema Unificado de Qualidade Destino do Biodiesel.

O presidente da Ubrabio disse na audiência pública que o grande problema detectado na qualidade do biodiesel é a não utilização de boas práticas de transporte e armazenamento de combustíveis em geral, e especialmente do biodiesel. “Essencial é monitorar a qualidade do biodiesel quando o combustível chega ao ponto de distribuição e de vendas”, argumentou Ferrés.

O sistema unificado de qualidade destino para o biodiesel prevê a emissão de certificado de origem, certificado na entrada base e na saída base, além de elaboração de laudos e análises críticas do biodiesel antes da chegada do produto nos postos de consumo final. A audiência pública contou com a coordenação da ANP, participação de técnicos e dirigentes da agência, além de representantes de distribuidores, importadores e comerciantes do setor.

O diretor executivo da Ubrabio, Donizete Tokarski, ressaltou que a qualidade dos combustíveis em geral sempre foi um problema no Brasil, com a instalação de CPI s no Congresso e operações da Policia Federal. Segundo o executivo, o boletim de desconformidade da ANP antes de 2008 registrava um percentual de 7%. Com a entrada do biodiesel no mercado, em 2008, este índice de desconformidade caiu para 3%.

“O biodiesel brasileiro já um produto de excelência e é, ao mesmo tempo, um fator de redução do número de mortes por causa de doenças causadas pela poluição veicular. O país precisa discutir que combustível queremos no Brasil no futuro e não ficar culpando o biodiesel”, disse Donizete.

Metais do diesel A

Também durante a audiência pública desta quarta-feira, o professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Donato Aranda, ressaltou que os problemas de qualidade no diesel fóssil ocorrem há muito tempo. Ele lembrou que o diesel fóssil (e também o HVO) contém metais pesados como alumínio, cálcio, ferro, cobre, cobalto e níquel. Estes metais, seguindo o professor, estão presentes nos catalizadores que são similares aos utilizados na produção de diesel e geram borras no combustível.

Na sua participação na audiência pública Donato lembrou que o Estado americano da Califórnia projetou para suspender a utilização do diesel fóssil em 2030, passando a usar o biodiesel e o HVO. No momento, a Califórnia já utiliza 20% de biodiesel no diesel de petróleo.