Para o economista Gesner Oliveira, da GO Associados, a redução do percentual de biodiesel no diesel fóssil gera efeitos negativos que impactam na saúde pública, no meio ambiente e na economia do país. Em entrevista ao canal AgroMais nesta sexta-feira (23), o economista avaliou a medida como um “equívoco”: “Porque ela gera efeitos negativos sem resolver o problema de oscilação de impactos sobre o preço doméstico do diesel, que pode ser resolvido de outras formas mais inteligentes e muito mais eficientes”.

Em reunião nesta segunda-feira (26), o estudo do Setor de Biodiesel foi apresentado ao Ministério de Minas e Energia (MME). Participaram do encontro José Mauro, secretário de Petróleo, Gás natural e Biocombustíveis; Pietro Mendes, diretor do Departamento de Biocombustíveis; Marisa Barros, diretora do Departamento de Combustíveis Derivados de Petróleo e Cid Caldas, coordenador de Agroenergia do Ministério da Agricultura (Mapa). O documento foi apresentado por Gesner e contou com a participação dos dirigentes das três associações do setor: Ubrabio, Abiove e Aprobio.

Entre os efeitos negativos provocados pela redução da mistura de biodiesel no diesel fóssil, Gesner Oliveira destaca o impacto sobre o meio ambiente: “O cronograma de aumento do biocombustível no diesel visa justamente reduzir a emissão de poluentes. Na verdade, chega a ser uma redução de 80% dos poluentes quando se usa o biocombustível. Essa redução vai na contramão daquilo que se quer: menor dependência de combustíveis de origem fóssil e maior utilização de combustíveis que sejam melhores para a natureza”.

Além deste fator, o economista lista os impactos da medida no preço dos alimentos, em razão da diminuição de oferta de farelo de soja para a cadeia de proteína animal, e efeito negativo para a saúde pública, provocado pelo aumento da incidência de doenças respiratórias entre a população.

“A experiência internacional indica que fundos de estabilização, alíquotas flexíveis de imposto podem amortecer o impacto de variação de preços internacionais sobre os preços de combustíveis. Há soluções melhores do que esta que vai na contramão de tudo o que se quer. Se quer menos poluição, melhor saúde pública e alimentos mais baratos – essa medida vai contra tudo isso”, conclui o economista.

Veja a entrevista completa abaixo (começa em 1h16min.)