Em 2012, a Ubrabio incluiu o bioquerosene em seu nome e agenda de trabalho. De lá para cá, a entidade vem liderando ações para estabelecer essa cadeia definitivamente no país

O primeiro envolvimento público da Ubrabio com o bioquerosene aconteceu em 2012. Durante a Rio+20, a Ubrabio e a GOL Linhas Aéreas lançaram a Plataforma Brasileira de Bioquerosene (PBB). O evento representou o marco zero para o setor no Brasil e, por ter ocorrido dentro da agenda da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, adquiriu um valor simbólico ainda mais relevante. A estrela do lançamento foi a chegada do primeiro voo da GOL abastecido com o biocombustível e com autoridades brasileiras e internacionais, parceiros e associados como passageiros.

Nesse momento, a Ubrabio iniciava uma agenda para tratar dos biocombustíveis de aviação, visando afirmar a importância socioeconômica e ambiental da utilização de renováveis, e demonstrar que, assim como no transporte terrestre, esta é uma potencialidade na produção nacional dentro da economia global com possibilidade de atender ao mercado interno e externo. Além disso, coloca o Brasil em posição de vanguarda, visto que a ação é uma contribuição adicional ao país no sentido de reduzir a emissão de poluentes atmosféricos – hoje o setor responde por 2% das emissões globais de CO2.

Desde o lançamento da PBB, em 2012, a Ubrabio trabalha para comprovar a viabilidade técnica, os benefícios ambientais e a sustentabilidade deste biocombustível e, também, a viabilidade econômica, mostrando que o país tem condições de ofertar, de forma regular e estável, o biocombustível para aviação, por contar com uma vasta oferta de matérias-primas que podem ser aproveitadas na produção.

Uma das metas da Internacional Air Transport Association (Iata) é melhorar a eficiência do combustível em 1,5% por ano, limitando as emissões a um crescimento neutro a partir de 2020, e cortando as emissões pela metade até 2050. Em 2016, a associação reafirmou seu compromisso com a sustentabilidade quando a 72ª Assembleia Anual (AGM) aprovou uma resolução determinando que os governos adotem um único mecanismo global de compensação de carbono para atender as emissões geradas pela aviação internacional.

Para cumprir essas metas, além dos investimentos na produção em larga escala e a baixo custo, é necessário, também, investir no desenvolvimento de aeronaves e motores mais eficientes e na melhor gestão do tráfego aéreo.

Com o objetivo de fomentar a realização de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação no setor por meio de parcerias entre academia, indústria e governo, em maio deste ano, durante o seminário de celebração dos 10 anos da Ubrabio, foi lançada a Rede Brasileira de Bioquerosene e Hidrocarbonetos Renováveis para Aviação (RBQAV).

A pesquisadora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte Amanda Gondim conta que a formação da rede reuniu os diversos elos da cadeia, governo e academia para apoiar as pesquisas na área, “A Ubrabio está sendo fundamental para a estruturação da rede de bioquerosene porque foi ela que articulou a parceria entre governo, instituições de pesquisa e indústria e reuniu representantes dos diversos elos dessa cadeia para apoiar a RBQAV. Seria impossível isso estar acontecendo sem a participação da Ubrabio tão efetivamente”, destaca.

Segundo o diretor de Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia (MME), Miguel Ivan Lacerda, o lançamento da RBQAV representa um ato histórico. “A Ubrabio, nesses dez anos, tem contribuído com o setor de biodiesel e, mais do que isso, tem trabalhado na fronteira do apoio às novas tecnologias como é o caso do bioquerosene. O lançamento da RBQAV é um ato histórico, porque essa rede ataca um problema do mercado sobre emissão de CO2, que é a aviação”, afirmou durante o evento.

A ação é fruto do diálogo entre pesquisadores, MME, Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações (MCTIC) e representantes da iniciativa privada e pretende dar suporte à formulação de políticas públicas e às ações que possam viabilizar a produção de bioquerosene e hidrocarbonetos renováveis.

“Hoje, no aniversario de dez anos da Ubrabio, estamos colhendo os frutos desse investimento que começou cinco anos atrás. O lançamento da RBQAV e a inclusão do bioquerosene no escopo do RenovaBio marcam o nascimento dos biocombustíveis de aviação no Brasil”, celebrou o diretor de Biocombustíveis de Aviação da Ubrabio, Pedro Scorza.

Para Scorza, que também é assessor técnico para Combustíveis Renováveis da GOL, empresa associada à Ubrabio, a RBQAV significa mais um passo na estruturação desse novo produto que vai ajudar o país a reduzir as emissões no âmbito nacional e cumprir as obrigações internacionais assumidas perante a Organização Internacional de Aviação Civil (ICAO, sigla em inglês).

O uso do bioquerosene já é uma realidade. Durante a Copa do Mundo de 2014, a GOL realizou 360 vôos abastecidos com bioquerosene. Outras empresas aéreas também já fazem vôos experimentais com o biocombustível. Além disso, em 2015, o governo de Pernambuco assinou um memorando de entendimento para a criação da Plataforma Pernambucana de Bioquerosene. Em Minas Gerais pesquisadores e empresas estão investindo em estudos com a macaúba, uma palmeira nativa, cujos frutos podem fornecer óleo para produção de bioquerosene, e matéria-prima para diversos produtos da chamada química verde.

Seminário
Nos dias 29 e 30 de agosto a Ubrabio e a Fiemg promovem, em Belo Horizonte, o Seminário de Desenvolvimento Sustentável e Descarbonização: oportunidades de negócios e investimentos na cadeia de valor do Bioquerosene. O objetivo é justamente promover o debate sobre o protagonismo brasileiro no programa de descarbonização acordado na COP21 e oportunidades de investimentos em projetos de reflorestamento para energia e biocombustíveis de aviação, com oleaginosas da biodiversidade regional do Brasil, e biomassas comerciais já disponíveis, como a soja e a cana.

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