Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro já passaram pela experiência de uso de um combustível mais limpo. Confira a trajetória de um dos projetos defendidos pela Ubrabio

Em janeiro de 2017, ônibus abastecidos com 20% de biodiesel adicionado ao diesel fóssil (B20) começaram a circular em Brasília. Os veículos fazem um trajeto pelo Eixo Monumental, partindo da Rodoviária do Plano Piloto e passando pelos principais pontos da área central da capital: Biblioteca Nacional, Catedral, Esplanada dos Ministérios, Supremo Tribunal Federal, Congresso Nacional, Palácio do Planalto, Teatro Nacional, Estádio Nacional Mané Garrincha, Centro de Convenções, Palácio do Buriti e Memorial JK.

Segundo dados do Inventário de Emissões do Distrito Federal, o setor de transportes representa 49% das emissões de gases de efeito estufa (GEE) em Brasília. Com a adoção do B20 é possível evitar a emissão de 18 toneladas de CO2 anualmente, por ônibus. O que representa o plantio de 132 árvores/ano por ônibus.

A ação é fruto do trabalho de articulação desempenhado pela Ubrabio desde a sua fundação. O uso da mistura superior à obrigatória nos ônibus do transporte público das grandes cidades é defendido pela Ubrabio desde 2007, já que os grandes centros urbanos são os que mais sofrem com a poluição. Se os ônibus que fazem o transporte das 40 maiores cidades brasileiras utilizassem o B20, cerca de 300 milhões de litros de diesel fóssil deixariam de ser consumidos anualmente, o que significariam 580 mil toneladas de CO2 a menos.

Em 2009, um Projeto de Lei defendia a inclusão do “biodiesel metropolitano” na matriz energética nacional.

“A inclusão do `biodiesel metropolitano` na matriz energética brasileira servirá de grande impulso para reduzir e amenizar o alto índice de poluição nas regiões metropolitanas, proveniente dos veículos automotores, em especial, dos que utilizam óleo diesel derivado de petróleo, já que esses são apontados por responder por 32% das emissões veiculares de hidrocarbonetos (HC), 25% das de monóxido de carbono (CO), 32% das emissões de particulados e 48% de dióxido de enxofre (Sox)”, justificava o documento.

Embora algumas cidades como São Paulo, por exemplo, já tivessem adotado o B20 em parte de sua frota, apenas em 2015 uma Resolução do Conselho Nacional de Política Energética simplificou o processo de autorização do uso de B20 em frotas cativas e a adoção da mistura de 30% de biodiesel adicionado ao diesel fóssil (B30) para máquinas agrícolas, equipamentos industriais e geradores de energia elétrica. A partir de então, basta que o interessado solicite à distribuidora um diesel com percentual maior de combustível renovável.

No mesmo ano, em uma parceria com a Embrapa Agroenergia, a Ubrabio realizou o Seminário B20 Metropolitano – Mobilidade Sustentável para as Cidades Brasileiras. O evento reuniu prefeituras das 40 maiores cidades brasileiras, do governo federal e instituições de ensino e pesquisa para debater os benefícios sociais, econômicos e ambientais do uso de B20 na frota de ônibus desses municípios.

No Brasil, além da experiência brasiliense, o B20 já foi utilizado em cerca de dois mil ônibus em São Paulo e, durante os jogos olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro. Internacionalmente, temos como exemplo de experiências bem sucedidas os Estados Unidos, com mais de 600 postos que comercializam o B20, e Inglaterra, com três mil ônibus utilizando a mistura.

O objetivo da Ubrabio é expandir o uso facultativo de B20 e B30 imediatamente. Para isso, a entidade tem se reunido com prefeituras e realizado seminários para divulgar os benefícios econômicos, sociais e ambientais do uso de um combustível mais limpo. A Ubrabio também fornece informações e está disponível para o diálogo com empresas, produtores rurais, agentes econômicos e sociedade para tirar dúvidas e auxiliar no processo de adoção deste combustível mais limpo.

“Nesses dez anos da Ubrabio, o que podemos sintetizar é a capacidade de diálogo. Diálogo entre os diversos setores: governamental, empresarial, sociedade civil e a construção permanente do diálogo também com o Congresso Nacional. A Ubrabio lidera nesse aspecto todo o trabalho que se faz no sentido de desenvolver as políticas públicas. Nesses dez anos, nós comemoramos não só a história, mas também o futuro do biodiesel, do bioquerosene e das demais bioenergias”, destaca o diretor superintendente da Ubrabio, Donizete Tokarski.

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