Um avião movido 100% a biocombustível. Esta é a meta ambiciosa para um futuro próximo de duas fabricantes de aeronaves: Boeing e Embraer. Em programa desenvolvido em parceira entre as duas empresas, foi apresentada nesta quinta-feira, no Rio de Janeiro, a aeronave Embraer 170, usando 10% de biocombustível , feito a a partir da cana-de-açúcar produzido no Brasil. O avião usa também outras tecnologias em desenvolvimento que têm o objetivo de reduzir o consumo de combustível e as emissões.

Executivos de Boeing e Embraer apresentaram a aeronave que vai testar o uso de biocombustível e várias outras tecnologias em desenvolvimento. O trabalho em conjunto das pesquisas se desenvolve no Programa de testes eco Demonstrator da Boeing. Mauro Kern, vice-presidente executivo de Operações da Embraer, destacou que em 2012 as duas empresas fecharam o primeiro acordo para cooperação no desenvolvimento de tecnologias para aumentar a segurança da operação e a sustentabilidade. A parceria resultou na criação de um centro de pesquisas em biocombustíveis, instalado em São José dos Campos, em São Paulo.

Mauro Kern destacou que, no caso de combustível para aeronaves, se buscam desenvolver biocombustíveis que possam funcionar nos mesmos motores que usam o querosene de aviação, o QAV, que é um combustível fóssil.

Sem revelar os valores gastos nas pesquisas, o executivo disse que a meta é de no futuro se conseguir que a aeronaves usem 100% de biocombustível. Os testes são para conseguir mostrar que o biocombustível tem propriedades físicas e químicas compatíveis com o combustível fóssil (QAV).

— O Brasil, pela característica da sua natureza favorável à biocombustíveis, até pela tradição que o Brasil tem em desenvolver tecnologias nessa linha desde os anos 70 com o Próalcool. A aviação tem um papel relevante no desenvolvimento de soluções para o futuro mais sustentável — disse Kern.

As empresas iniciaram no ano passado uma parceria para desenvolver tecnologias voltadas para reduzir o impacto ambiental da indústria aeroespacial, em um esforço para melhorar o desempenho da aviação com a redução das emissões.

O programa foi lançado pela Boeing em 2011 com o objetivo de desenvolver testes de novas tecnologias que podem reduzir o consumo de combustível, as emissões de carbono e o ruído. De acordo com a Embraer, a aviação comercial é responsável por cerca de 2% das emissões de carbono em todo o mundo.

Mas, mesmo assim, desde 2005 a aviação tem uma meta considerada ousada de reduzir pela metade a emissão de gases efeito estufa até 2050, mesmo considerando o crescimento da indústria do transporte aéreo.

Esta é a primeira vez que o Programa eco Demonstrator será realizado no Brasil. Os executivos não quiseram revelar o valor que está sendo gasto no desenvolvimento das novas tecnologias que estão sendo testadas.

No Embraer 170, estão sendo testadas, além do biocombustível, outras cinco novas tecnologias envolvendo tintas e outros equipamentos para aumentar a segurança do voo e a performance do avião.