Quando em 2014, cientistas japoneses ganharam o prêmio Nobel de Física por terem desenvolvido as lâmpadas LED, pouca gente compreendeu o que isso significava na prática. Dois anos depois, poucos são os que insistem em comprar as lâmpadas incandescentes, aquelas tipo 60 W, 100 W e que esquentam logo após minutos de funcionamento. Pior, esquentam a nossa conta de luz, cada vez mais cara. As lâmpadas LED geram a mesma luminosidade com um consumo muito menor. A palavra chave para isso é eficiência.

Algo semelhante está acontecendo com os veículos do ciclo Diesel – aqueles que podem usar diesel e biodiesel puro ou em misturas entre os dois – por meio da introdução do biodiesel na matriz de combustíveis. Um outro cientista genial, Rudolf Diesel, desenvolveu o conceito de um motor que, termodinamicamente, ou seja, na teoria, seria sempre mais eficiente que os motores do ciclo Otto (veículos a gasolina, etanol e GNV).

Ciclo Diesel versus Otto

Nos últimos anos, a maioria dos carros leves do ciclo diesel comercializados na Europa, Ásia, EUA e mesmo nos países sul americanos atingem 25 km/l ou até 30 km/l, ou seja, muito mais eficientes do que os carros que temos no Brasil que rodam com etanol ou gasolina. Com o advento de dispositivos específicos como catalisadores e filtros, os novos veículos ciclo diesel atendem os mesmos padrões de emissões de NOx, CO e particulados dos veículos a etanol e gasolina.

Atualmente, na Europa está em vigor um padrão de emissões denominado Euro 6 em que os limites de emissões estabelecidos para veículos leves ciclo diesel é mais rigoroso do que os limites de emissões de um veículo a gasolina atualmente no Brasil (PROCONVE L6). Ou seja, um carro do ciclo diesel na Europa emite menos NOx, CO e particulados do que um veículo a gasolina no Brasil [veja na tabela].

Alguns veículos SUVs fabricados no Brasil como o Jeep Renegade, já atendem o padrão de emissões europeu, portanto menos poluente que os veículos a gasolina existentes no país. Em termos de emissões de CO2 por quilômetro rodado, as emissões de um automóvel ciclo diesel são muito menores, exatamente por sua maior eficiência.

Custo-benefício

No Brasil, com o biodiesel, essa combinação entre um motor altamente eficiente e um combustível muito mais sustentável resulta numa mudança de paradigma no setor de transportes. Comparado ao diesel, o biodiesel emite ainda 70% menos gases de efeito estufa, somente na fase de produção. Durante o uso, a redução de emissões de CO2 é proporcional à porcentagem do combustível renovável adicionado ao fóssil. Por exemplo, ao usar uma mistura de 20% de biodiesel, temos ainda uma redução de 15% de dióxido de carbono em comparação com o uso de diesel puro.

Além dos benefícios ambientais, o uso de biodiesel no Brasil está associado à geração de emprego e renda, valorização da produção agrícola nacional, especialmente na cadeia da soja, principal matéria-prima deste biocombustível, estimulando a interiorização da indústria.

Eficiência energética

A Figura 1 apresenta o consumo de combustível para um carro leve, sedan, motor 1.5 disponível no mercado europeu e norte-americano. O desempenho dos veículos diesel/biodiesel é quase o dobro de um veículo gasolina (contendo 27% de etanol) e mais que o dobro de um veículo rodando com etanol hidratado. A Figura 2 apresenta a pegada de carbono ao percorrer-se mil quilômetros. Interessante destacar que, um litro de diesel emite um pouco mais de CO2 do que um litro de gasolina. Todavia, como um litro de diesel permite rodar muito mais que um litro de gasolina, a pegada de carbono na gasolina tem seu pior desempenho entre todos os combustíveis, mesmo levando-se em conta a presença de 27% de etanol.

Entre os renováveis, o biodiesel é o melhor, sem dúvida. Além de ser renovável como o etanol, a eficiência do motor ciclo diesel resulta numa combinação ideal entre o melhor rendimento e a menor pegada de carbono. Essa combinação faz do biodiesel um combustível imbatível, sem dúvida o melhor combustível disponível no Brasil. A Figura 3 mostra quantas árvores por ano, equivalentes às emissões evitadas de CO2, o emprego de biodiesel, etanol e diesel B7 e B20 representam. Tomou-se como valor médio um veículo que roda 30 mil quilômetros por ano.

Quanto ao custo, o biodiesel também leva vantagem. Tomamos como base os preços divulgados pela ANP para Junho/2016 em Brasília e em Cuiabá (Figuras 4 e 5, respectivamente). Em ambos os casos, os veículos com motores ciclo diesel levam larga vantagem. É notável que o biodiesel é o combustível que menos emite carbono e mais barato para o consumidor. Não podemos mais privar a sociedade brasileira de utilizar um combustível nacional, socialmente vantajoso, mais econômico e muito menos poluente.

Figura 1 – ECONOMICIDADE DOS COMBUSTÍVEIS, EMISSÕES DE CO2/10 KM E GASTO EM REAIS/10 KM


*Veículo Sedan 1.5

Figura 2 – EMISSÕES DE CO2 NO PERCURSO DE 1.000 KM


*Emissões de CO2 a cada 1.000 km rodados.

FIGURA 3 – EQUIVALÊNCIA DE ÁRVORES PLANTADAS POR ANO, NO CASO DE SUBSTITUIR O USO DE GASOLINA POR OUTROS COMBUSTÍVEIS


*Um carro rodando, em média, 30.000 Km por ano. Árvores plantadas equivalentes às emissões de CO2 evitadas, tendo como referência o carro a gasolina.

Figura 4 – CUSTO EM REAIS PARA PERCORRER 1.000 KM NO DF


*Fonte de Preços: ANP, Junho/2016