O ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, abordou nesta quinta-feira (29) a importância da discussão do programa de biodiesel na matriz energética nacional no contexto da busca por fontes de energia mais sustentáveis.

Braga participou de audiência pública da Comissão Mista Permanente sobre Mudanças Climáticas (CMMC), requerida pelo presidente da comissão, senador Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE).

“Nós não podemos deixar de discutir o programa de biodiesel brasileiro, que é extremamente importante para o país”. Segundo Braga, o Brasil possui vantagens comparativas extraordinárias em relação a outros países e não pode abrir mão de suas vocações macroeconômicas.

“Na área de energia, geração de óleo e gás, etanol, na área de biodiesel, são indústrias de longo prazo em que o Brasil tem uma característica completamente diferente de outros países”, afirmou.

O ministro afirmou ainda que a presença do etanol e biodiesel na matriz energética brasileira será de 18% em 2030, para atingir as metas de redução de emissões de gases de efeito estufa que o Brasil apresentará na Conferência do Clima das Nações Unidas, a COP 21, em dezembro deste ano em Paris.

Diálogo

O deputado federal Evandro Gussi (PV-SP), presidente da Frente Parlamentar Mista do Biodiesel (FrenteBio), elogiou a Resolução do Conselho Nacional de Política Energética que autoriza o uso de 20% de biodiesel para frotas cativas e 30% para as máquinas agrícolas e ferrovias.

“É uma conquista enorme e nós sabemos que isso vem da sensibilidade do ministro para a questão, mostrando que o país precisa avançar e encontrar novas rotas, e é isso que me dá segurança para que nós avancemos nessa pauta da previsibilidade para o programa de biodiesel, um programa fundamental para o Brasil”.

Na próxima quinta-feira, Braga participará de reunião com os senadores da Comissão Especial do Desenvolvimento Nacional, os membros da FrenteBio e representantes da Ubrabio (União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene), da Anfavea e demais entidades do setor.

“Nós queremos um diálogo para que o setor produtivo, o governo a indústria automobilística e todos os elos da cadeia possam planejar suas ações no médio prazo”, explicou do deputado Evandro Gussi.

O senador Donizeti Nogueira (PT-TO), secretário geral da FrenteBio, também destacou a importância estratégica do biodiesel para o país, tanto na área econômica, quanto social e ambiental, e levantou a questão do bioquerosene para tornar a aviação mais sustentável.

O deputado Sérgio Souza (PMDB-PR), vice-presidente da FrenteBio e relator da CMMC, apontou que, embora a questão da sustentabilidade ambiental seja um dos grandes desafios atuais, o Brasil já é exemplo em matriz energética limpa e pode avançar ainda mais.

Na ocasião, o diretor superintendente da Ubrabio, Donizete Tokarski, destacou a sensibilidade do ministro Eduardo Braga para as pautas relacionadas à sustentabilidade do País e entregou ao ministro um documento com subsídios para a reunião que acontecerá na próxima semana, para discutir o aumento da mistura obrigatória de biodiesel no Brasil.

 

Leia na íntegra a manifestação do ministro Eduardo Braga sobre o biodiesel e o bioquerosene:
Biodiesel – “O deputado Evandro Gussi coloca a questão da Resolução do CNPE e eu realmente acho que foi uma resolução importante para o biodiesel. Coloca inclusive a questão da previsibilidade. Nós estamos fazendo alguns estudos porque, em algumas regiões, é possível até que nós tenhamos, em função da questão macroeconômica, possibilidade de fazermos B100 para a geração de energia elétrica. Nós já temos dois produtores no Centro-Oeste manifestando o interesse de serem autorizados para usarem B100 na geração de energia para uso próprio e também para o sistema interligado nacional. E, além disso, marcamos com o senador Donizeti, o senador Malta, o senador Raupp e o senador Blairo uma reunião para a próxima quinta-feira, com o ministério e a ANFAVEA para que nós possamos dar curso e andamento a um cronograma que seja viável e que tenha, portanto, previsibilidade. Qual é a grande preocupação hoje do ministério? Se nós estabelecermos uma meta de, por exemplo, B10, ou B20, ou B30, existem algumas regiões que são produtoras de óleo vegetal, e que, portanto, não terão dificuldades de alcançar. Outras regiões, como o Brasil tem dimensão continental, nós teremos que transportar este óleo vegetal para ele ser adicionado ao óleo fóssil. Este custo de transporte, num país com as dimensões brasileiras, tem um papel preponderante no custo do biodiesel e, portanto, nos custos do diesel que estará à disposição para a macroeconomia brasileira. Portanto, nós temos que ter aqui um equilíbrio. Existem áreas, regiões do país em que é absolutamente viável falarmos neste momento e é isto que a resolução do CNPE tratou de até B20 ou B30, embora ainda com frota própria, mas nós podemos equacionar periodicamente uma modelagem para que nós possamos ir avançando. O receio é que em regiões periféricas como o estado de Roraima, por exemplo, ou meu próprio estado que não produz óleo vegetal, nós tenhamos um impacto muito grande pelo custo do transporte e que não será suportado por nenhum outro regime que venha subsidiar esse transporte do biodiesel. Portanto, nós estamos estudando, acho que estamos avançando. O Brasil colocou efetivamente, por defesa do Ministério de Minas e Energia, dentro do nosso compromisso de metas de redução o biodiesel, porque nós entendemos que este é um setor da economia brasileira que é importante, é estratégico, que gera emprego, que gera renda, que traz uma série de outros produtos e subprodutos colaterais junto com ele que trazem obviamente ganho para a competitividade brasileira”.

Bioquerosene – “A questão do bioquerosene [colocada pelo senador Donizeti Nogueira] eu acho que ela está avançando. Há um laboratório em são José dos Campos, onde a Boieng em parceria com institutos tecnológicos brasileiros está estudando cada vez mais o bioquerosene para uso na aviação, que eu acho que é um dos grandes ganhos que nós poderemos ter. O Brasil é líder mundial hoje no desenvolvimento dessa tecnologia, nós estamos atentos, estamos trabalhando e é uma das questões que nós acreditamos que no médio prazo, e tendo equacionado o arranjo produtivo, a logística etc., eu creio que nós tenhamos aí um grande espaço para crescer”.

 

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