Teve início nesta terça-feira (8), a sexta edição do Congresso Brasileiro de Mamona e a terceira edição do Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, na Universidade do Parlamento Cearense/Instituto de Estudos e Pesquisas sobre o Desenvolvimento do Estado do Ceará – INESP, em Fortaleza, CE. Na primeira tarde do congresso, sete minicursos atraíram a participação de cerca de 350 agricultores, técnicos e estudantes que tiveram a oportunidade de conhecer mais o trabalho desenvolvido pela Embrapa para desenvolver as culturas oleaginosas no Brasil. A ideia foi apresentar os trabalhos de pesquisa desenvolvidos pela Empresa e debater com os participantes o que ocorre na prática. Nesta linha, foram apresentados os sistemas de produção de mamona, algodão, amendoim, gergelim, além de consórcios agroecológicos, cooperativismo e produção de briquetes e resíduos agrícolas.

O minicurso sobre algodão apresentou as variedades mais recentes lançadas pela Embrapa, com destaque para o algodão colorido. O pesquisador da Embrapa Algodão, Valdinei Sofiatti, também debateu com os participantes as técnicas corretas de plantio e as características de cada variedade.

Em relação ao amendoim, Roseane Cavalcanti, destacou que as variedades com alto teor de óleo são de maior interesse para o biodiesel. “A Embrapa já tem quatro cultivares. A última lançada, a Pérola Branca, tem cerca de 52% de teor de óleo. Para o consumo humano, a preferência é pelas variedades de médio a baixo, em torno de 43 a 44% dessa característica”, disse Roseane Cavalcanti, pesquisadora da Embrapa Algodão e uma das desenvolvedoras da “Pérola Branca”. No treinamento, ela informou que o amendoim que ainda está na vagem verde, colhido em torno dos 70 dias, está se destacando no mercado nordestino.

Outra oleaginosa tratada nos cursos, o gergelim, que tem grande destaque na alimentação, também sido foco das pesquisas na Embrapa. Nair Arriel, falou da parceria com a EMPARN para avaliação de linhagens e cultivares. “Desde 2012-2013 estamos fazendo avaliação do consórcio de gergelim com outras culturas como a mamona. A ideia é implantarmos lavouras equivalentes as que são implantadas pelos agricultores”, disse.

Em consenso nos cursos, a importância da utilização correta do sistema de produção, maquinários e a visão de mercado. Esse foi o destaque do Sindicato e Organização das Cooperativas Brasileiras no Estado do Ceará – OCBCE no treinamento em que foi responsável. José Aparecido dos Santos e André Fontenelle explicaram o passo a passo da formalização dos grupos em cooperativa, a parte jurídica e a melhor forma de atuar no mercado conjuntamente.

Nessa linha, o pesquisador da Embrapa Algodão, Fábio Aquino de Albuquerque, também enfatizou a importância da comercialização em conjunto e de forma direta, sem os intermediários. Aquino ministrou o curso sobre consórcios agroecológicos. Para ele, o algodão e seus consórcios são uma alternativa de renda importante para o Semiárido.

Além da produção de matéria-prima, investir no processamento utilizando matérias-primas residuais é uma das alternativas para renda do produtor, é o caso dos briquetes. Três unidades da Embrapa (Agroenergia, Agroindústria Tropical e Solos) em parceria com a empresa Matruz com Leite, mostraram a viabilidade de produção dessa lenha ecológica. A parte prática do curso, onde visitam a empresa, será na quinta-feira.

Workshop sobre zoneamento de risco climático da mamoneira

Com o objetivo de debater os critérios para o zoneamento de risco climático para a cultura da mamoneira, cerca de 30 participantes entre produtores e especialistas no assunto participaram de workshop no congresso de mamona.

Para o presidente do evento, Marcos Vinícius Assunção, da Secretaria de Desenvolvimento Agrário do Estado do Ceará, o zoneamento agrícola para a cultura da mamona precisa ser revisto. “Nós temos tido muitos problemas com a cultura da mamona do Ceará e o problema principal é que aqui o plantio da mamona no termina entre 20 e 28 de fevereiro. E nossas chuvas se concentram muito no mês de março e abril”, defendeu.

Ele também questionou o fato de haver apenas um zoneamento para duas cultivares de ciclos diferentes como a BRS Paraguaçu (ciclo de 250 dias) e a BRS Energia (ciclo de 100 a 110 dias).

O chefe-adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Algodão, Liv Soares Severino, explicou que o objetivo do zoneamento é reduzir o risco, tanto para o produtor quanto para os bancos, mas se não for bem elaborado, pode ser um empecilho.

“A altitude tem sido um dos pontos mais polêmicos no zoneamento. O zoneamento prevê que a mamona seja plantada acima de 300 metros de altitude e não existem fundamentos técnicos para que a mamona não seja cultivada acima de 300 metros de altitude”, enfatizou. “Mas acredito que esse seja um ponto pacífico e já solicitamos ao Ministério da Agricultura que isso seja retirado do zoneamento”, completou.

Severino elencou como fatores que influenciam no desenvolvimento da mamoneira a temperatura do solo e do ar, umidade e a tolerância a períodos de estiagem.

O coordenador geral do zoneamento agropecuário do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Hugo Borges, esclareceu o zoneamento teve início em 1993 a partir da publicação das séries históricas elaboradas por pesquisadores da Embrapa, inicialmente, para culturas cultivadas em grande escala como a soja, milho e trigo com o objetivo de orientar os produtores sobre a melhor época do plantio. “O período de plantio foi desenhado no zoneamento para que, principalmente, nas fases de floração e enchimento de grão as plantas tenham água e umidade suficiente”, declarou.

As questões levantadas durante o workshop serão encaminhadas para o Mapa para avaliação do zoneamento para a próxima safra.