Mamona é “Ouro Verde” para agricultores familiares do semiárido: Produtores da Bahia investem na mamona
A comunidade de Tombador de Cima, localizada a 32 quilômetros de Sento-Sé, região tradicional de produção de cebola na Bahia, há um ano também vem apostando na cultura da mamona. Isso se deve, dentre vários fatores, ao aumento do consumo de biodiesel no país, que utiliza o grão da oleaginosa como uma das principais matérias-prima para produção do combustível.
Outro ponto determinante para a agricultura familiar local investir na mamona são os incentivos do Programa Semeando, do governo do Estado, administrado pela Secretaria da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária da Bahia (Seagri), executado pela sua Superintendência da Agricultura Familiar (Suaf), e pela Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA).
Para alguns produtores de Sento-Sé, a exemplo de Bento Cordeiro da Cruz 52 anos, a oleaginosa já está sendo chamada de ouro verde devido à boa rentabilidade que a mamona vem proporcionando aos agricultores. A princípio foram plantados, em Tombador de Cima, 26 hectares, sendo colhidas 40 toneladas de sementes de mamona, as quais foram adquiridas pelo próprio Estado da Bahia para distribuição em regiões produtoras da oleaginosa.
Segundo Bento da Cruz, como a mamona tem um ciclo de 90 dias, a previsão é de que, em meados de junho de 2012, a safra esperada dê um salto significativo, e nos mesmos 26 hectares, sejam produzidas cerca de 60 toneladas de sementes, todas prontas para serem comercializadas, atingindo assim 150% a mais de sementes, em relação ao ano passado.
Para o pesquisador e coordenador do programa, na EBDA, Edson Alva, o objetivo do Semeando é transferir a tecnologia de produção de sementes para a agricultura familiar, principalmente para a formação de bancos comunitários, para que os agricultores não fiquem dependentes do recebimento de sementes por parte do Estado. Para este ano, o Semeando já disponibilizou R$300 mil, para compra de sementes.
O gerente Regional da EBDA, em Juazeiro, Osvaldo Lopes, responsável pela Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater), informou que a empresa, visando melhorar os níveis de produtividade da cultura, na região, intensificou suas ações na área promovendo capacitações e prestando Ater, de qualidade, incentivando os agricultores nos cuidados preventivos e de tratos culturais, como: buscar áreas livres de grandes infestações de plantas daninhas; livres de encharcamento; eliminar plantas nativas que ocorram no campo de produção ou em áreas próximas, obedecer ao espaçamento correto, entre plantas, dentre outros.
“Transferimos para o campo de Sento-Sé, tecnologias que permitem o desenvolvimento auto-sustentável da cultura, a exemplo da variedade MPA 11, desenvolvida pela própria EBDA, mais resistente e produtiva”, disse o gerente.
As sementes produzidas em Sento-Sé já passaram por análises que determinaram a qualidade do produto, e estão sendo entregues para agricultores familiares de todo estado. O produtor Ademir da Silva, do município de São Gabriel, região de Irecê, recebeu o lote de cinco quilos de semente, e já plantou na sua área de dois hectares. Para o agricultor, essas sementes representam a esperança de uma boa colheita neste ano, já que na safra passada a produtividade foi quase zero. “Sempre plantei hortaliças, milho e feijão, mas nos últimos anos os resultados não foram bons. Estou mais otimista com a mamona, e espero produzir melhor”, afirmou Ademir da Silva.
Segundo o engenheiro agrônomo da EBDA, Valfredo Vilela, que faz parte da equipe técnica do Programa Semeando, a expectativa é de que os agricultores de Irecê tenham uma boa produtividade nesta safra. “O material distribuído é apropriado ao cultivo consorciado, nos diversos ambientes do semiárido baiano e adaptado aos municípios do Território Irecê, onde apresentou a maior estabilidade”, apontou o técnico.
O gerente regional da EBDA em Irecê, Joelson Matos, afirmou que vão ser distribuídas sete toneladas da variedade MPA 11, em todo o Território Irecê. “Os agricultores têm apostado fortemente na mamona, principalmente com a instabilidade das safras de milho e feijão. A mamona é mais resistente e a margem de lucro têm sido maior”, afirmou Matos.
Para o agricultor Ademir Silva, os ganhos com a mamona vão ser aplicados na aquisição de gado, atividade do interesse do agricultor. “No ano passado, tive que vender o gado para cobrir os custos da lavoura; espero que essa safra compense os prejuízos anteriores e ainda sobre dinheiro para investir. Estou confiante”, concluiu o produtor.
(Portal Agrosoft Brasil – Fonte Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola, Assessoria de Comunicação da EBDA)