A Petrobras e o Centro de Pesquisa Canavieira (CTC) de Piracicaba pesquisam o etanol celulósico, do bagaço da cana, no qual o açúcar é fermentado e produz um etanol mais denso. Para atender o mercado interno de combustíveis e exportar, o setor de cana, que hoje processa 600 milhões de toneladas por ano, teria de aumentar esse volume para 750 milhões de toneladas. Para Alfred Szwarc, consultor de emissões e tecnologia da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), o setor deve reequilibrar-se entre um a dois anos.

Outra frente de pesquisa é o biocombustível para a aviação. Em 2005, a Embraer foi pioneira com o lançamento do Ipanema, primeiro avião a ser produzido em série com motor movido a etanol. Agora, a iniciativa volta-se para aeronaves de grande porte. No final de 2009, a Embraer, a General Electric e a Amyris firmaram uma parceria para avaliar os aspectos técnicos e de sustentabilidade do combustível renovável para jatos que resultará em um voo de demonstração de um E-Jet da Embraer,de propriedade da Azul Linhas Aéreas com motores GE, no início de 2012.

A Embraer também firmou uma parceria com a Boeing e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) para criar um grupo de estudos de pesquisa e desenvolvimento de biocombustíveis para aviação com a participação da Azul, Gol, TAM e Trip.

O potencial do mercado trouxe ao Brasil a americana Amyris que iniciou a produção do farneseno, mistura de moléculas de carbono e álcool, para produzir querosene aeronáutico, com investimentos entre US$ 4 bilhões e US$ 5 bilhões até 2020. “Escolhemos o Brasil porque tem uma indústria de cana bem estabelecida”, explica Joel Velasco vice-presidente sênior de relações externas da Amyris. A empresa tem parcerias com Cosan, Bunge, Guarani, além da São Martinho, para ter acesso a até 12 milhões de toneladas de cana-de-açúcar esmagada por ano.

Além da fábrica em Piracicaba, abrirá outras em Pradópolis e Brotas, ambas no interior de São Paulo. Além do Brasil e Estados Unidos, a Amyris tem operações na Espanha e projeta uma produção entre 40 e 50 milhões de litros de farneseno até 2012, com previsão de triplicar o volume em 2013. Devido às inúmeras certificações exigidas pela indústria de turbinas e da Aeronáutica para homologar o bioquerosene, os voos comerciais devem começar a partir de 2015.

Ana Luiza Mahlmeister